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Os desafios de Galípolo no comando do Banco Central

A complexidade do cenário envolve pressões inflacionárias, descontrole fiscal e as incertezas internacionais, com eleições nos EUA e tensão no Oriente Médio

Por Camila Pati 29 ago 2024, 10h35

Ao assumir o comando do Banco Central no dia 1º de janeiro de 2025, o atual diretor de política monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, terá como principal objetivo zelar e assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional e um sistema financeiro sólido e eficiente. 

Em outras palavras, Galípolo deverá garantir que a política monetária do Brasil seja conduzida de forma a controlar a inflação, manter a moeda estável e promover um ambiente econômico seguro e confiável para o crescimento do país, independentemente de pressões políticas — que não são poucas. 

No campo da política monetária, os desafios que o futuro presidente do BC terá pela frente não são novos nem desconhecidos. A complexidade do cenário envolve as pressões inflacionárias, o descontrole fiscal e as incertezas internacionais, com eleições nos Estados Unidos e o aumento da tensão no Oriente Médio. 

No cenário doméstico, a dinâmica fiscal insustentável do país torna tudo mais difícil para qualquer afrouxamento da política monetária. No mês de junho, segundo dados do BC, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) chegou a 8,7 trilhões de reais. Vale destacar que os momentos em que foi possível baixar os juros no Brasil estiveram ligados à percepção de melhora fiscal. Apesar dos esforços de corte de gastos apresentados pela fazenda, essa é uma questão ainda longe de resolução.

O mais recente boletim Focus mostra que a expectativa dos analistas do mercado financeiro está descolando da meta central de 3%. Formalmente, a meta será considerada cumprida se o índice de inflação do país ficar entre 1,5% e 4,5%. Para 2024, a previsão avançou pela sexta semana seguida, passando de 4,22% para 4,25%. Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 3,91% para 3,93%.

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Com o aquecimento do mercado de trabalho, trazer a inflação para a meta de 3% será ainda mais desafiador.A taxa  de desemprego chegou a 6,9% no trimestre até junho e mercado está aquecido a ponto de preocupar o BC com o risco inflacionário Segundo Roberto Campos Neto, esse ainda é um enigma para as economias globais. Outro ponto de desconforto citado pelo atual presidente é a alta da inflação implícita, a taxa embutida nos juros dos títulos do mercado financeiro que disparou até 2026.

Galípolo assumirá o BC como indicado pelo presidente Lula, que vem travando uma guerra contra a atuação de Campos Neto.  Esse cenário exigirá habilidade política e econômica  para manter a credibilidade da instituição enquanto navega pelas complexidades do relacionamento com o governo federal.

 Manter uma comunicação clara e transparente com o mercado e a sociedade será crucial para Galípolo, tendo em vista o peso dos ruídos vindos de  Brasília no  mercado financeiro e o impacto disso no apetite dos investidores. 

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