ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Os detalhes da decisão do BC sobre a alta dos juros e o alerta sobre as contas públicas

Ata do Comitê de Política Monetária alerta para a falta de disciplina fiscal e aumento do crédito direcionado pelo governo e incerteza sobre controle da dívida

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 mar 2025, 09h20

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou, nesta terça-feira, 25, a ata de sua última reunião na semana passada, quando decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando a taxa a 14,25% ao ano. O documento destaca que o cenário prospectivo para inflação é desafiador em diversas dimensões e enfatiza a  preocupação com a política fiscal do governo e a incerteza sobre controle da dívida. O comitê entende que é preciso ter harmonia na relação entre as políticas fiscal e monetária e destacou o aumento na concessão de crédito pelo governo, o que pode reduzir a eficácia da autuação do Banco Central no controle da inflação.

Na ata, o  Comitê sinalizou três pontos sobre a política monetária: o ciclo de aperto não está encerrado, o próximo movimento será de menor magnitude e apenas a direção da próxima decisão foi indicada, devido à incerteza elevada. A extensão total do aperto dependerá da inflação, projeções, expectativas, hiato do produto e balanço de riscos, segundo o comitê.

“Os dados referentes aos últimos meses seguem oferecendo sinais sugerindo uma incipiente moderação do crescimento”, diz o texto da ata. A diretoria do Banco Central avalia que a economia brasileira está desacelerando, mas ainda apresenta sinais de resiliência, especialmente no mercado de trabalho. O PIB cresceu 0,2% no último trimestre, refletindo uma moderação no consumo das famílias após treze altas consecutivas. No entanto, a incerteza persiste, com indicadores mistos e expectativa de crescimento agrícola no primeiro trimestre de 2025. Está sendo esperada uma super safra de alimentos.

No mercado de crédito, o comitê observa uma leve retração nas concessões e um aumento das taxas de juros, enquanto o endividamento das famílias segue elevado. Por isso, o comitê entende que a política monetária continua sendo um instrumento essencial para o controle da inflação e o Comitê reforça que ela deve atuar sem obstáculos: “para o cumprimento de seu mandato e convergência da inflação à meta com menores custos, a política monetária deve ser capaz de atuar sem impedimentos em todos os canais”, diz a comunicação oficial do Banco Central.

As projeções do Banco Central recuaram em relação à ata anterior mas ainda apontam para estouro da meta. O BC prevê  inflação de 5,1% para 2025, ante 5,5% na última ata e 3,9% para o terceiro trimestre de 2026, ante 4,2% na projeção divulgada em janeiro pelo comitê. Mas o balanço de riscos segue inclinado para cima, destaca a ata do comitê. Entre as ameaças, estão uma possível desancoragem prolongada das expectativas e uma inflação de serviços mais resistente. O cenário exige vigilância e pode demandar ajustes na estratégia monetária.

Continua após a publicidade

Por que o Copom subiu os juros pela quinta vez seguida

O Copom avaliou que a trajetória da economia exigia um novo aumento da taxa Selic em 1 ponto percentual, conforme já havia sido indicado nas duas últimas reuniões. Para os membros do comitê, o aperto monetário era necessário diante de um cenário em que a inflação seguia elevada, as projeções para os preços continuavam altas e a atividade econômica mostrava resiliência.

Na comunicação oficial, o Copom indicou que o ciclo de alta dos juros ainda não chegou ao fim. “Em função do cenário adverso para a dinâmica da inflação, era apropriado indicar que o ciclo não está encerrado”, diz o texto. No entanto, o próximo aumento será menor do que o decidido nesta reunião. “Diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento”, diz.

A duração e o tamanho total desse ajuste dependerão de fatores como o comportamento da inflação nos setores mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, as expectativas do mercado para os preços no futuro, o ritmo de crescimento da economia e outros riscos que possam influenciar a condução da política monetária.  

Continua após a publicidade

“Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz a ata.

A preocupação do Banco Central com as contas públicas

A ata destaca que “o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas. “Nos últimos tempos, investidores e analistas têm demonstrado preocupação com o equilíbrio das contas públicas e a trajetória da dívida do país, o que afeta o preço dos ativos financeiros e as expectativas econômicas.

O Comitê alerta que a falta de disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado pelo governo e incertezas sobre o controle da dívida podem elevar a chamada taxa de juros neutra (o nível de juros que não estimula nem desaquece a economia). ” O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.