Otimismo faz dólar engatar sequência de quedas e cair 10% em duas semanas
Reabertura gradual da economia e ausência de nova prova bombástica no vídeo da reunião ministerial podem levar moeda a recuar para R$ 5,20 nos próximos dias
Em apenas duas semanas, o dólar saiu dos 5,90 reais e caiu para os 5,28 reais, uma retração de mais de 10%. Nesta quarta-feira, 27, a moeda comercial fechou negociada, em média, a 5,2828 reais, com desvalorização de 1,4% – foi o sexto dia seguido de queda e o menor valor da moeda desde o dia 17 de abril. Esse movimento reflete o otimismo atual dos investidores, que tomou força após a divulgação na semana passada do vídeo, que mostra a reunião ministerial do dia 22 de abril, após a liberação do Supremo Tribunal Federal (STF). A ausência de novas provas bombásticas sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal foi o principal ponto que agradou aos investidores do mercado financeiro. O discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, no vídeo, em relação a forma de como o governo federal vai lidar com a economia durante e depois da epidemia também foi um ponto relevante.
Outro fator que tem agradado aos investidores e, consequentemente, impulsionado as cotações do dólar para baixo é a reabertura gradativa da economia em diversas cidades do país e também nos Estados Unidos. “O mercado está sinalizando que o câmbio vai continuar caindo, podendo chegar aos 5,20 nos próximos dias, principalmente se não houver nenhuma novidade no mercado externo, o que inclui um acirramento da tensão entre os Estados Unidos e a China”, explica Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas.
Apesar desse otimismo e do movimento de recuperação nas duas últimas semanas, o dólar ainda acumula valorização de mais de 30% em relação o real neste ano – o que coloca a moeda brasileira como a de pior desempenho entre as principais divisas do mundo. Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, alerta para a necessidade de se observar nos próximos dias o comportamento dos indicadores do mercado norte-americano e da reabertura parcial da economia brasileira para haver uma melhor definição dos rumos do mercado financeiro.