Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Pandemia põe em risco o setor de aviação civil e a brasileira Embraer

A pane mundial vai além do cancelamento de voos, atingindo em cheio as fabricantes de aviões

Por Diego Gimenes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h08 - Publicado em 3 abr 2020, 06h00

Não foi somente o banco americano Lehman Brothers a ser vitimado pela crise financeira que assolou o mundo em 2008. À época, uma grande montadora de veículos esteve à beira da falência e exigiu do governo americano uma ajuda que contraria todo o pensamento capitalista. Sob a batuta de Barack Obama, os Estados Unidos tornaram-se sócios da General Motors — a única forma de evitar que o gigante fechasse as portas. Na crise atual, causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), uma grande companhia também foi lançada à beira do precipício. E os próprios gestores, ressalte-se, têm muita culpa nisso. Trata-se da Boeing, que já perdeu o posto de maior fabricante de aeronaves do planeta e agora está prostrada aos pés do presidente americano Donald Trump por uma salvação à la GM em 2009. O pior: sem a benevolência presidencial, a empresa pode gerar um tsunami econômico com potencial de arrastar uma cadeia inteira de fornecedores e fabricantes do setor, inclusive a brasileira Embraer.

O acordo de compra entre a Boeing e a Embraer, que embolsou 4,2 bilhões de dólares (22 bilhões de reais) com a venda de sua linha de produção de jatos comerciais de médio alcance, só não será cancelado de vez porque está num estágio tão avançado que sairia mais caro desfazer o trato do que mantê-lo. No entanto, executivos da Boeing olham para o valor pago pela companhia brasileira e não escondem a frustração com o seu valor atual de mercado, reduzido a 1,3 bilhão de dólares (6,8 bilhões de reais). Com 25 bilhões de dólares em caixa e um gigantesco passivo para resolver — decorrente da queda de duas aeronaves do novíssimo 737 MAX e do cancelamento de pedidos de centenas de unidades do modelo —, a empresa americana teme não sobreviver até o fim do ano, conforme declaração recente de seu recém-empossado presidente, Dave Calhoun. Por isso pede desesperadamente um socorro de 60 bilhões de dólares. “Existe um risco enorme de ter de fechar a produção da linha de jatos sem uma ajuda do governo”, diz o consultor Richard Aboulafia, do Teal Group.

A agora subsidiária Embraer também já começa a sentir os efeitos da crise. Funcionários entraram em férias coletivas e diretores que controlam a produção da linha de jatos E2 — a joia da coroa da brasileira e o motivo da cobiça dos americanos — estão recebendo ligações de companhias aéreas sobre a possibilidade de postergar a entrega. “A Embraer tem recebido pedidos pontuais de clientes para adiar entregas de curto prazo e ainda não é possível estimar o impacto nas entregas de aeronaves ao longo do ano”, declara a companhia em nota.

Devido às restrições de diversos países às viagens de avião — como o próprio Brasil, que limitou o tráfego aéreo nacional a 170 voos diários —, a grande maioria das companhias aéreas vive dias de penúria. Por aqui, uma intermediária de grande porte que atua entre as agências de turismo e as empresas de aviação, a Brementur, conseguiu na Justiça barrar a cobrança de 40 000 bilhetes. Os voos foram cancelados, mas, com recursos cada vez mais escassos, as companhias aéreas tentaram cobrar das agências os valores para manter o fluxo de caixa. O bom senso prevaleceu, mas custará caro às transportadoras. Diferentemente do que ocorre com outros segmentos, o setor de aviação sofre há anos com um mercado mal ajustado. Regulamentação excessiva e custos crescentes, muitos em dólar, estabeleceram desafios difíceis de ser superados. A grave situação da Boeing, aliada ao cataclismo do coronavírus, abalou um mercado frágil — a organização australiana Center for Aviation prevê que boa parte das companhias do ramo poderá falir até maio se não tiver suporte dos governos. Ao mesmo tempo, a aviação comercial é um dos setores essenciais para a retomada da economia pós-crise. Tomara que essas empresas saiam do chão para que a economia decole no cenário pós-pandemia.

Publicado em VEJA de 8 de abril de 2020, edição nº 2681

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.