Moradores do Pantanal e da Amazônia já vivenciam, no último ano, uma prévia do que pode acontecer caso o mundo não consiga limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação ao período pré-industrial, meta central estabelecida pelo Acordo de Paris.
Segundo levantamento da plataforma MapBiomas Atmosfera, em 2024 o Pantanal registrou aquecimento médio de cerca de 1,8 °C, enquanto a Amazônia teve aumento em torno de 1,5 °C acima da média dos últimos 40 anos. O estudo também aponta consequências diretas, como secas mais intensas, níveis críticos em rios importantes, como o Paraguai, no caso do Pantanal, grandes áreas de queimadas e impactos severos sobre a biodiversidade, comunidades ribeirinhas e o equilíbrio dos ecossistemas locais.
Especialistas alertam que essas mudanças já provocam efeitos em cadeia, interferindo no ciclo das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, no agronegócio e até no abastecimento de água. O aquecimento da Amazônia, por exemplo, reduz a umidade exportada para outras regiões, comprometendo o regime hídrico e a produtividade agrícola.
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Porque isso é importante?
Quando biomas-chave como Amazônia, Pantanal e Cerrado ultrapassam o limite de 1,5 °C, o que antes era considerado seguro para o clima local começa a deixar de ser. Para o Brasil, que tenta se consolidar como liderança climática global, os dados reforçam a urgência de políticas de adaptação e mitigação mais robustas, bem como de um controle mais rigoroso sobre o desmatamento e as emissões.
A divulgação ocorre às vésperas da COP 30, que começa na próxima segunda-feira, 10, em Belém (PA). O encontro reunirá chefes de Estado, cientistas e representantes do setor privado para discutir metas de descarbonização e o avanço de políticas de transição ecológica. O aquecimento acima da meta global nos biomas brasileiros simboliza que a crise climática já não é uma projeção futura, é uma realidade que exige resposta imediata.