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Papeis da Eletrobras no exterior caem 10% após saída de presidente

A renúncia derrubou a expectativa sobre privatização da estatal. Nasdaq renovou recordes, enquanto índices Dow Jones e S&P 500 fecham no zero a zero

Por Luisa Purchio Atualizado em 25 jan 2021, 20h04 - Publicado em 25 jan 2021, 20h01

A expectativa sobre a privatização da Eletrobras já havia recebido muitos baldes de água fria, mas a renúncia de Wilson Ferreira Junior, presidente e membro do conselho de administração da companhia, praticamente arruinou a esperança dos investidores. Nesta segunda-feira 25, os papeis da empresa nas bolsas de Nova York, as Centrais Eletricas Brasileiras SA ADR (EBRb) chegaram a cair 11,2% e fecharam em queda de 8,45%, a 5,31 dólares. As ADRs significam American Depositary Receipts e são certificados de ações não americanas listadas nos Estados Unidos que replicam o valor das ações que não estão no país.

Como hoje as bolsas brasileiras estão fechadas devido ao feriado municipal do aniversário de São Paulo, as ADRs da Eletrobras em NY refletiram basicamente a repercussão no mercado internacional da saída de Wilson na linha de frente de uma das maiores estatais brasileiras. “O mercado precificava a possibilidade de privatização da Eletrobras. O Wilson foi nomeado ao longo do governo Temer para reestruturar a economia da empresa e prepará-la para isso”, diz Romero Oliveira, chefe de renda variável da Valor Investimentos. “Quando ele sai, é como se estivesse jogando a toalha”, diz.

E a expectativa é que uma queda ainda pior acontecerá com as ações da empresa no Brasil na abertura dos mercados amanhã. Esta desvalorização após a interferência do governo é semelhante ao que aconteceu com o Banco do Brasil após a interferência do presidente Jair Bolsonaro, como mostrou a reportagem da revista VEJA desta semana. Os cargos e altos salários em estatais sempre foram alvos de negociação entre partidos e privatizar a companhia significa para o governo federal, atualmente o maior acionista da companhia, perder privilégios. Para os investidores, porém, essa interferência significa que o lucro deixará de ser a prioridade da companhia, o que, logicamente, afeta negativamente os seus aportes.

O comunicado de sua saída por meio de fato relevante publicado no domingo 24 foi a gota d’água do que já vinha sendo sinalizado pelo senador Rodrigo Pacheco e o deputado Arthur Lira, respectivamente os candidatos à Presidência do Senado e da Câmara — os prováveis congressistas que decidirão quais pautas serão ou não votadas nas casas. Na semana passada, Pacheco afirmou que “o foco agora haverá de ser a preservação da saúde pública, um programa social e o crescimento econômico a partir das reformas que sejam necessárias no sistema tributário, a administrativa, as privatizações, não essa da Eletrobras”. Sua concorrente Simone Tebet, por sua vez, afirmou que esta discussão deve ocorrer em um “momento mais tranquilo”. Já Lira vinha sinalizando que a votação da pauta só ocorrerá a pedido da maioria dos líderes na Câmara dos Deputados, demanda que ele mesmo admitia não existir.

Enquanto a empresa fechou em queda, as principais bolsas americanas fecharam praticamente no zero a zero. O índice Dow Jones encerrou em queda de 0,12%, e o S&P 500 em 0,36%. Já a Nasdaq fechou em 3.855,36 pontos, alta de 0,36%, após subir mais na variação intradiária antes da divulgação dos resultados de empresas de tecnologia como Microsoft, que serão publicados amanhã.

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