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Parcela de endividados cresce e pode ser decisiva para o 2ª turno

Com quase 80% dos lares brasileiros endividados, grupo vira alvo das campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) para a disputa

Por Luana Zanobia Atualizado em 11 out 2022, 12h13 - Publicado em 10 out 2022, 16h57

O número de endividados cresceu e atingiu um novo recorde, alcançando 79,3% do total de lares brasileiros em setembro, um aumento de 0,3 ponto percentual ante agosto, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta segunda-feira, 10. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço é ainda maior, de 5,3 ponto percentual. Mais de 60 milhões da população brasileira fazem parte dessa parcela de endividados e inadimplentes, grupo que virou alvo das campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em busca de vantagem no segundo turno das eleições.

Apesar do endividamento recorde, a pesquisa constata que o ritmo de crescimento vem reduzindo devido à melhora no cenário econômico. “É possível verificar que a melhora gradual do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a queda da inflação nos últimos dois meses são fatores que geram maior disponibilidade de renda para as famílias”, diz o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Mas, ele observa que o alto nível de endividamento e os juros elevados afetam o orçamento das famílias de menor renda, ao encarecerem as dívidas já contraídas.

Por isso, o endividamento piorou principalmente para a população mais pobre. A proporção de endividados entre os consumidores com renda inferior a 10 salários mínimos cresceu 0,4 ponto percentual e superou 80% dos menos favorecidos pela primeira vez, sendo esse o maior patamar da série histórica iniciada em 2010.

De olho nessa parcela – que pode ser decisiva para o segundo turno – Lula e Bolsonaro apostam nos programas de renegociações de dívidas para capturar esse eleitorado. Após a votação do primeiro turno, em que Lula liderou com 48% contra 43%, Bolsonaro admitiu falha com a população mais pobre, afirmando que a inflação dos alimentos pode ter pesado na votação. Mesmo o Auxílio Brasil turbinado de 600 reais não capturou essa população desejada pelo atual presidente. Dos 1 mil municípios mais dependentes do benefício, Lula foi o mais votado em 969, enquanto Bolsonaro ganhou a preferência em apenas 31, segundo levantamento do Valor Data com dados do Ministério da Cidadania, do IBGE e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Sem sucesso com o programa de transferência de renda, agora, a estratégia de Bolsonaro é aliviar a dívida dessa população.  Na semana passada, o governo anunciou o “Você no Azul”, programa de renegociação de dívidas para pessoas físicas e empresas em débito com a Caixa Econômica Federal. O desconto das dívidas será de até 90% e deve 4 milhões de pessoas físicas e 400 mil empresas com dívidas na instituição.

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A renegociação de dívidas também é uma das bandeiras de Lula por meio do “Desenrola Brasil”. A proposta do petista é a criação de um fundo garantidor para a renegociação de dívidas dos mais de 60 milhões de brasileiros. A proposta principal é renegociar a dívida de famílias com renda de até três salários mínimos – que corresponde a maior parcela dos endividados – que estão com débitos bancários (cartões de crédito, cheque especial e outros financiamentos) e não bancários (contas de consumo – água, gás, luz, telefone e crediários de varejo).   

A inadimplência, que representa os consumidores que estão com conta em atraso, também cresceu, atingindo 30% da população, o maior volume de consumidores inadimplentes em 22 anos. Esse é o terceiro aumento mensal consecutivo da taxa, que evoluiu 0,4 ponto percentual em setembro. Na comparação anual, a taxa expandiu 4,5%, a maior desde março de 2016. “Embora os atrasos tenham crescido no mês e no ano entre os consumidores nas duas faixas de renda, as dificuldades de pagamento de todos os compromissos do mês são mais latentes entre as famílias de menor renda”, analisa a economista da CNC responsável pela apuração, Izis Ferreira. Segundo ela, esses consumidores seguem enfrentando desafios na gestão de seus orçamentos mensais, especialmente porque o nível de endividamento está elevado e os juros maiores pioram as despesas com as dívidas. As taxas de juros nas linhas de crédito para pessoas físicas cresceram 13,5 ponto percentual, em um ano, de acordo com os dados do Banco Central, chegando à média de 53,9%, a maior taxa desde abril de 2018.

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