Páscoa está mais cara, e pesquisar preços pode ajudar
Pesquisa do Procon encontrou chocolates idênticos com diferença de preço de até 58% em supermercados diferentes

Comprar os produtos mais tradicionais para a Páscoa, desde o insubstituível chocolate até os ingredientes para fazer a bacalhoada do domingo, está ficando cada vez mais caro, impulsionado pela inflação dos alimentos especialmente forte nos últimos anos. Um cálculo feito pelo Instituto de Economia Brasileira da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) mostrou que, entre algumas reduções e muitas altas, o preço da “cesta de Páscoa” subiu 21,7% nos últimos três anos, quase o dobro da inflação do período, que foi de 12,5% de acordo com o IPC-M, índice mensal de preços calculado pela própria FGV (veja a lista completa de itens ao fim).
Nesse cenário, a velha e boa pesquisa de preços em diferentes mercados e estabelecimentos acaba sendo uma aliada e uma opção para não precisar abrir mão de algum pedaço da tradição. “É importante pesquisa antes de comprar, os produtos podem ter variações consideráveis de preço de um estabelecimento para outro”, informou o Procon-SP em uma pesquisa de preços feita pela entidade nos últimos dias em diferentes mercados da cidade de São Paulo e também em municípios da região.
Na capital, onde foram visitados dez supermercados nos dias 25 e 26 de março, a diferença entre os preços de ovos de páscoa idênticos, da mesma marca e mesmo tamanho, chegou a ser de 58%: o mesmo produto foi encontrado por 56,99 reais em um estabelecimento, no valor mais baixo, até 90,20 reais, no mais caro. Nos pescados, o preço do quilo do bacalhau variou de 49,90 até 76,90 reais, ou 54% a mais, enquanto o da tilápia foi dos 34,90 até os 65,90 reais, uma diferença de quase 89%.
As maiores distâncias, entretanto, foram verificadas nos legumes e verduras. É o caso da cebola, que pode mais que triplicar de preço de uma gôndola para a outra. Os pesquisadores do Procon pagaram de 2,59 reais até 9,99 reais pelo quilo da cebola nos diferentes estabelecimentos, um aumento de 285% pelo mesmo produto.
“Deve ser sempre considerado o custo benefício do deslocamento no caso de estabelecimentos que estão apresentando produtos mais baratos que os da sua região, bem como a comodidade e a segurança de comprar em lojas com estacionamento ou localizadas em shoppings”, ressalva o Procon.
De acordo com a FGV, os chocolates, que estão sofrendo com a disparada nos preços internacionais do cacau em meio a dificuldades climáticas dos últimos anos, acumulam uma alta de 27% nas prateleiras do comércio brasileiro nos últimos três anos, enquanto o bacalhau subiu 18%. A pior alta, considerado o período completo, foi a do azeite, que acumula um aumento de 74% desde a Páscoa de 2022. O levantamento foi feito pelo economista Matheus Dias, do Ibre-FGV, e considera a inflação acumulada de abril de 2022 até março de 2025.