Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA estão no maior nível desde janeiro
O presidente do banco central americano, Jerome Powell, admitiu risco de uma recessão no país
Os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos continuam em alta. Nesta quinta, 23, o Departamento do Trabalho divulgou a nova revisão de dados e aponta para 229 mil solicitações na semana passada. Comparando com o balanço da terceira semana de maio, o aumento foi de 4,8%. Já em relação ao levantamento da terceira semana de abril, a alta é de 19,6%. Na análise geral, os dados do desemprego nos EUA estão próximos de seu maior nível desde o final de janeiro.
O número preocupa ao ser analisado junto a outros indicadores da economia americana. O barulho sobre uma possível recessão na maior economia do mundo tem crescido nos últimos dias, impulsionado pela preocupação com a política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Na semana passada, o Fed elevou a taxa de juros da economia americana em 0,75 ponto percentual, atingindo 1,75%. A alta para o valor atual dos juros foi a maior escalada desde 1994, e houve a sinalização de que mais aumentos virão pela frente para domar a inflação no país.
A tradicional política monetária para controlar os níveis inflacionários é promover o aumento da taxa básica de juros, mas isso traz consequências para a economia como um todo. Com juros mais altos, o crédito para as famílias e empresas fica mais caro e há o desestímulo ao consumo das pessoas e ao investimento empresarial. Como resultado, a atividade econômica e a inflação perdem força. “O desafio do Fed é grande. Tem de controlar a inflação subindo os juros, mas, ao menos tempo, fazer um pouso suave na economia. Obviamente, não existe uma receita de bolo para conseguir cumprir esse desafio e o mercado não acredita que será fácil. Por isso, já calcula grande possibilidade de recessão econômica”, analisa o economista Piter Carvalho, da Valor Investimentos, se referindo ao difícil equilíbrio entre domar a inflação e ao mesmo tempo não provocar um grande desaquecimento da economia aos níveis de recessão.
A inflação dos Estados Unidos, assim como no Brasil e em outras potências econômicas, tem como principais impulsionadores os elevados preços de combustíveis e de alimentos, como consequência direta da guerra na Ucrânia e dos desarranjos logísticos provocados ainda pela pandemia, especialmente pelos lockdowns em resposta à Covid-19 na China.
Taxa de emprego
A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos também continua alta, como uma taxa de desemprego na faixa de 3,6%. Mas esse indicador não é necessariamente visto com bons olhos. Se o nível de empregabilidade está muito alto, é sinal de uma economia ainda muito aquecida, com aumento do consumo da população e também dos custos trabalhistas. Também indica que a política monetária do Fed, adotada para “esfriar” a economia, ainda não teve efeitos significativos. Logo, incentiva o Fed a continuar por mais tempo com a estratégia de elevação dos juros, aumentando os riscos de recessão.