Bolsonaro confirma estudo para privatização dos Correios
Presidente usou o Twitter para lembrar que empresa foi o início do foco de corrupção do mensalão
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 26, que autorizou a realização de estudo para a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)
“Demos OK para estudo da privatização dos Correios. Temos que rememorar para a população o seu fundo de pensão. A empresa foi o início do foco de corrupção com o mensalão, deflagrando o governo mais corrupto da história”, declarou o presidente, em mensagem no Twitter.
Na véspera, em um café da manhã com jornalistas, o presidente já havia falado em sinal verde para a privatização dos Correios. Ele afirmou que a empresa pública havia sido foco de corrupção por muitos anos.
Em 2017, o governo federal interveio no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. A intervenção aconteceu após uma empresa de consultoria não aprovar as contas de 2016 do fundo. O rombo nas contas do Postalis foi de cerca de 7 bilhões de reais.
Resistência interna
Na semana passada, fontes da equipe econômica disseram estar trabalhando um estudo sobre a venda da estatal depois de vencida a resistência de Bolsonaro à privatização dos Correios.
Em janeiro, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, havia dito que “por enquanto” não estava nos planos a privatização da empresa.
Durante a campanha eleitoral, no entanto, o então candidato Bolsonaro sinalizou que a empresa poderia passar para a iniciativa privada devido aos prejuízos, mesmo argumento usado nos últimos dois dias. “Seu fundo de pensão foi implodido pela administração petista, diferentemente do passado. Então, os Correios, tendo em vista não fazer um trabalho daquele que nós poderíamos estar recebendo, pode entrar nesse radar da privatização”.
Em 2017, os Correios voltaram a registrar lucro após quatro anos no vermelho, com resultado de 667,3 milhões de reais. No ano passado, a empresa também fechou no azul, com lucro de 306.635 milhões de reais.
Outro lado
Em nota, os Correios dizem que não houve nenhum contato do governo com a empresa sobre o assunto até o momento. “Por enquanto, o plano em discussão nos Correios é uma oferta pública inicial de ações de toda a empresa, para daqui a quatro ou cinco anos. Há um longo caminho a percorrer ainda em termos de adequação às normas de governança. Seria uma operação mais semelhante à do Banco do Brasil, portanto, não significaria exatamente uma privatização.”
A empresa defende cautela durante o processo. “Privatizar somente a área de logística, por exemplo, na qual há concorrência, comprometeria a sobrevivência do serviço de entrega de cartas pois o subsídio é cruzado, ou seja, um lado compensa o outro. Se a parte lucrativa for privatizada, serão necessários 8 bilhões de reais por ano para o Estado tocar a operação, além dos passivos da instituição.”
Procurado, o Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelos Correios, não respondeu até a publicação.