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‘Peso real’ tende a ser pouco benéfico para o Brasil, dizem economistas

Criação de moeda única, proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, depende de processo complexo e pode ser mais vantajosa para o país vizinho

Por André Romani Atualizado em 7 jun 2019, 16h51 - Publicado em 7 jun 2019, 14h23
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  • O presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, posam para foto na Casa Rosada, em Buenos Aires; brasileiro propôs unificação da moeda entre os dois países (Agustin Marcarian/Reuters)

    A unificação monetária entre Argentina e Brasil, proposta pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes, em visita ao país vizinho, passaria por um trâmite muito complexo e não traria tantos benefícios ao Brasil. A moeda levaria o nome de “peso real”.

    Segundo Victor Candido, economista-chefe da corretora Guide Investimentos, quem mais ganharia com essa medida seria a Argentina, porque para o Brasil “o custo-beneficio só tem custo”, avalia.

    “O sistema financeiro do Brasil é um dos mais bem estruturados do mundo. O brasileiro acredita no seu sistema. Já o argentino, não”, analisa Otto Nogami, professor de economia do Insper, que enxerga uma mudança muito complexa para poucos pontos positivos. Na prática, os dois países teriam que interligar o movimento de capital, para que, por exemplo, um argentino pudesse abrir uma conta bancária ou investir na bolsa no Brasil e vice-versa.

    Seria necessário também equilibrar uma série de fatores, como taxa de flutuação de câmbio, inflação e dívida pública, para que as duas nações não fossem prejudicadas. Os dois países também precisariam fundir o Banco Central, a taxa de reserva cambial (reserva em dólar) e ainda negociariam uma mesma taxa de importação. Todo esse processo, para Nogami, demandaria custo, planejamento, força política e muito tempo. “Cerca de doze anos”, segundo ele.

    Para a Argentina, no entanto, “seria uma solução, porque daria segurança financeira maior para o país”, afirma Nogami. Já Candido, da Guide Investimentos, ao analisar o tamanho do desafio, diz que os dois países precisariam se estruturar economicamente, com o Brasil resolvendo seu problema fiscal e a Argentina estabilizando sua economia, “o que eles já tentam há vinte anos”. O economista enxerga a medida como um gesto de apoio a Macri, e não como uma proposta séria. “Se quer fazer essa aproximação, seria melhor racionalizar tarifas de importação e se aprofundar em acordos bilaterais”, afirma.

    Além de todas essas questões, uma união monetária precisaria ser aprovada pelos Legislativos de ambos os países. Nogami, cita, por exemplo, a dificuldade que o governo Bolsonaro vem tendo para aprovar a reforma da Previdência, que, na visão do economista, é um assunto menos polêmico do que a criação de uma nova moeda.

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    O professor, no entanto, admite que a unificação das duas moedas poderia ter pontos positivos, citando a economia com custos de importação. Quando os países fazem negociações comerciais, normalmente em dólar, é preciso comprar um determinado valor dessa moeda antes, o que gera custo e deixa a moeda exposta a variações cambiais que podem trazer prejuízo (mudança do valor do dólar entre a compra da moeda e seu uso).

    Mercosul

    Em sua fala, Bolsonaro disse ainda que, no futuro, a ideia é ampliar essa unificação para todo o Mercosul, incluindo, por isso, Uruguai e Paraguai. Para Nogami, as duas economias são muito pequenas o que tornaria ainda mais complicado o processo de estabilização dos indicadores econômicos desses países, visando uma moeda comum.

    Ele cita o exemplo de Portugal e Espanha, que, apesar de serem países desenvolvidos, são economias pequenas e muito diferentes perto de França e Alemanha e por isso geram um problema grande para toda a zona do euro. Além disso, unificar a taxa de importação deve ser uma ideia pouco aceita em países como Paraguai, que se beneficia justamente da isenção dessa taxa. Com os preços subindo, a inflação aumentaria, criando outro problema para a nação, analisa o professor.

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