A Petrobras se destaca como a líder em dividendos entre as empresas brasileiras listadas na bolsa em 2024, com dividend yields de 12,43% para papéis preferenciais e 11,8% para ações ordinárias, segundo a plataforma Comdinheiro.
Os dividendos da Petrobras também são destaque no cenário global. A empresa está entre as maiores pagadoras de dividendos do mundo, posicionando-a como a única empresa brasileira entre as 20 mais lucrativas no ranking global da consultoria britânica Janus Henderson.
No entanto, a elevada distribuição de dividendos tornou a estatal alvo de críticas por parte do governo Lula. Desde o início de 2023, o governo federal tem manifestado desconforto com a elevada distribuição de dividendos pela Petrobras. Embora seja uma política atraente para acionistas, o governo tem argumentado que uma parcela maior desses recursos deveria ser destinada ao caixa público, visando financiar programas e investimentos prioritários do governo, em alinhamento com o plano estratégico da própria Petrobras. Para a atual administração, as demandas sociais e a necessidade de investimentos em transição energética são urgentes, e a Petrobras, como empresa estatal, deveria assumir um papel mais ativo.
A administração de Lula considera que o modelo de dividendos em vigor beneficia excessivamente os investidores e prejudica a possibilidade de reinvestimento em setores estratégicos. Projetos em áreas como infraestrutura energética e programas sociais, como o financiamento de fontes renováveis e o desenvolvimento do setor de gás natural, são algumas das pautas que o governo defende.
A forte posição da Petrobras no ranking de dividendos reflete a capacidade de geração de caixa da companhia, o que, para muitos investidores, torna a empresa uma âncora de rentabilidade em tempos de incerteza.
Outras estatais, como a Cemig e o Banco do Brasil, também aparecem no ranking de maiores pagadoras de dividendos, reforçando o peso do setor público no mercado acionário brasileiro. No entanto, com o governo atual buscando redesenhar a estratégia de investimentos de estatais, o futuro da política de dividendos dessas empresas pode estar em revisão, especialmente se os planos do governo para maior reinvestimento forem priorizados.
O cenário global de volatilidade nos preços de commodities e mudanças nas políticas fiscais e ambientais aumenta a complexidade para a Petrobras. A dependência de recursos de setores de energia tradicional, como o petróleo, também entra na discussão, especialmente com a crescente pressão por descarbonização e investimentos em energia limpa.
O modelo atual de distribuição de dividendos da Petrobras é, de fato, um dos mais robustos entre empresas de energia. No entanto, para garantir a sustentabilidade e competitividade a longo prazo, a estatal precisará equilibrar seu compromisso com os acionistas e as demandas de investimento do governo. A dependência excessiva de lucros do petróleo representa um risco estratégico, uma vez que a transição para energias limpas e o alinhamento com políticas ESG ganham importância crescente.