Petrobras busca reduzir custo para a extração do petróleo no pré-sal
Presidente da estatal, Roberto Castello Branco, afirmou que o objetivo é baixar custo dos 6 dólares por barril registrados no segundo trimestre deste ano
A Petrobras vai tentar reduzir o custo de extração de petróleo no pré-sal, para abaixo dos 6 dólares por barril registrados no segundo trimestre deste ano, segundo afirmou nesta terça-feira, 20, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. No primeiro trimestre, o valor era de 6,8 dólares por litro — antes disso esse dado não era divulgado dessa forma pela companhia
Em contrapartida, a companhia ainda tem custos muito altos que precisam ser reduzidos, como os relativos a pessoal, defendeu o executivo, durante abertura de evento do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), no Rio de Janeiro. No balanço do segundo trimestre de 2019, a empresa destaca que os custos de extração foram de 100 milhões de dólares, o que representa uma economia de 42,5% em relação aos três primeiros meses do ano, e de 38,3% ante o mesmo período de 2018.
No caso de gastos com pessoal, a empresa lançou, em abril, um programa de demissão voluntária, com previsão de envolver 4.300 trabalhadores e redução de gastos de 4,1 bilhões de reais até 2023. O custo estimado é de 1,1 bilhão de reais. A prioridade são funcionários que estão próximos da aposentadoria.
A estatal também vem desmobilizando parte de sua infraestrutura, como prédios em São Paulo e Rio de Janeiro e o fechamento de vários escritórios fora do Brasil – nos Estados Unidos, México, Líbia, Angola, Nigéria, Tanzânia, Irã e Japão.
A estratégia da Petrobras é se desfazer de investimentos para se concentrar em sua atuação no pré-sal. A consolidação, neste ano, da venda de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) e do controle da BR Distribuidora estão entre essas medidas. Como parte de acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a petroleira ainda deve se desfazer de ativos alocados em transporte e distribuição nos estados, como parte do programa do governo de aumentar a concorrência no setor de gás. Em troca, a autarquia vai encerrar investigações contra postura anticompetitiva da empresa.
De acordo com a estatal, os desinvestimentos devem atingir entre 30 bilhões de dólares e 35 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, enquanto os investimentos no período devem chegar a 100 bilhões de dólares. O objetivo é formar um portfólio que traga mais retorno aos acionistas. A exploração de petróleo e gás em águas profundas é mais rentável do que o de gasodutos, refinarias e campos maduros e terrestres.
Hoje, a Petrobras tem 55% de seu portfólio concentrado em águas profundas. A previsão, para 2020, é chegar a 88%. Já os campos em terra devem ter participação reduzida de 37% para 10%, e a exploração em águas rasas deve diminuir de 8% para 2%. A empresa apresentou lucro líquido recorde de 18,87 bilhões de reais no segundo trimestre, aumento de 87% ante o mesmo período do ano passado, impulsionado principalmente pela venda da TAG.
Regime de partilha
Castello Branco também disse que o Brasil deveria acabar com o regime de partilha de produção de petróleo na exploração do pré-sal ou eliminar a regra que obriga que determinadas áreas sejam licitadas sob esse modelo contratual.
Atualmente, no Brasil, há uma região delimitada nas bacias de Campos e Santos, com reservas do pré-sal, onde necessariamente as áreas devem ser licitadas sob regime de partilha de produção, quando as empresas pagam percentuais do seu lucro em petróleo ao governo pelo direito de explorar, além de bônus de outorga e royalties. Esse regime difere da exploração de petróleo em outras áreas, sob contratos de concessão, nos quais os operadores pagam um bônus de outorga e royalties ao governo, sem divisão de lucros.
“Definitivamente nós temos que ou mudar a lei do pré-sal, acabar com a partilha, ou então, em um movimento mais moderado, acabar com o polígono do pré-sal”, disse o executivo. O modelo de partilha foi criado após a descoberta do pré-sal, com o governo então buscando aumentar a arrecadação com a exploração e alegando que as grandes reservas na nova fronteira justificariam a adoção desse regime.“O regime de partilha não leva à eficiência”, afirmou ele, sem detalhar.
(Com Reuters)