A Petrobras modificou na segunda-feira 22 a forma de divulgação dos preços do diesel e gasolina vendidos no Brasil. O valor diário dos dois combustíveis em cada um dos 37 pontos de venda espalhados pelo país passaram a ser disponibilizados diariamente no site da petroleira, para consulta de qualquer cidadão. Segundo a empresa, a medida visa dar mais transparência ao processo.
Até domingo 21 , a empresa publicava diariamente o preço médio de cada produto no país e não sua especificidade para cada ponto de venda.
Abaixo da tabela com os preços divulgada pela Petrobras, estão a data da última atualização dos dados e uma sessão de comentários da empresa, que informa se ocorreu ou não um novo ajuste nos combustíveis.
No Twitter, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleos (ANP), Décio Oddone, elogiou a modificação. “Excelente notícia. É a transparência chegando aos preços dos derivados no Brasil depois de décadas. É ótimo para a Petrobras e para a sociedade, pois inibe a prática de preços muito diferentes dos internacionais, como tivemos nos últimos anos”, afirmou ele.
A ANP já vinha trabalhando em outras medidas para dar maior transparência ao setor. Em novembro de 2018, passou a divulgar a média semanal dos preços de paridade de importação (PPI), que é o custo do produto importado trazido ao país, para a gasolina, o diesel, o querosene de aviação (QAV) e o GLP. Os preços são referentes à semana anterior e a divulgação ocorre sempre nas segundas-feiras, no site do órgão.
Controvérsias
A medida de divulgar os preços vem após polêmicas com relação ao valor do diesel do diesel no país. No mês passado, a empresa, a pedido do governo diante de ameaça de greve dos caminhoneiros, estendeu o prazo de reajuste do combustível, se comprometendo a não modificar os preços em períodos inferiores a quinze dias. Anteriormente, a empresa adotava uma política de mantê-los estáveis por curtos períodos de tempo de até sete dias.
No dia 12 de abril, a Petrobras anunciou um reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel, mas mudou de ideia horas depois, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, por causa da tensão com os caminhoneiros, que já citavam nova greve. Quatro dias depois, o governo federal anunciou um pacote de medidas para atender o setor de transporte de cargas. Entre elas, liberou 500 milhões de reais para uma linha de crédito voltada aos caminhoneiros via BNDES e uma verba de 2 bilhões de reais para obras em estradas.
As medidas, no entanto, não foram suficientes para agradar os caminhoneiros. “Nada do que anunciaram nos ajuda. É um avanço conseguir dinheiro a baixo custo no BNDES? É. Mas hoje mais da metade dos caminhoneiros está com o nome no Serasa, porque não consegue pagar o caminhão”, afirmou Dedéco, um dos líderes da paralisação em 2018.
No dia 17, a estatal voltou a anunciar um aumento no valor do diesel, desta vez um reajuste de 4,8%, que equivale ao aumento de R$ 0,10 no preço do litro do diesel. A notícia dividiu a categoria. No entanto, após negociações com o governo, ficou decidido na segunda-feira, 22, que os caminhoneiros desistiram da paralisação prevista para dia 29, com a promessa do ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, de fiscalizar a aplicação do frete mínimo, e reajustar seu valor conforme a mudança no preço dos combustíveis.