Após a Petrobras divulgar lucro de 17,033 bilhões de reais no 1º semestre deste ano, com alta de 257% em relação ao mesmo período do ano passado, as ações ON (ordinárias; com direito de voto nas assembleias da empresa) sobem 3,6%, enquanto a PN (preferenciais; sem direito de voto ao acionista), 4,2%. O resultado deste primeiro semestre foi o melhor atingido desde 2011.
Com esse impulso, o Ibovespa avança mais de 2% nesta sexta-feira 3, operando acima de 80.000 pontos.
Segundo boletim da empresa, o crescimento refletiu a melhora do mercado de diesel e gasolina, devido principalmente à redução de importação por terceiros.
“Este resultado foi possível devido às maiores margens de exportação de óleo, principalmente por causa do aumento no Brent, e de venda de derivados no Brasil, que compensaram a queda no volume de vendas de derivados (principalmente gasolina e nafta) e na exportação de petróleo”, informou a empresa no boletim.
No segundo trimestre, houve lucro líquido de 10 bilhões de reais, ante 6.961 milhões de reais registrados no período imediatamente anterior.
O balanço da petroleira também apontou redução de 70% nas despesas financeiras líquidas entre os trimestres, que passaram de 8,8 bilhões de reais nos três primeiros meses do ano para 2,6 bilhões de abril a junho. Com isso, o lucro antes da incidência de impostos dobrou para 14,3 bilhões de reais.
Gestão Parente
No relatório, a companhia justificou a recuperação inesperada à melhora do mercado de diesel e gasolina, devido principalmente à redução de importação por terceiros.
Especialistas do mercado apontam que a gestão de Pedro Parente – que deixou a presidência da estatal após a greve dos caminhoneiros – foi crucial para a empresa aumentar seu lucro, reduzir parte de sua dívida e focar em rentabilidade.
“Ele [Parente] resolveu a saúde financeira da empresa, vendendo dívidas, valorizando o petróleo no mercado externo e atraindo investidores”, diz Fernanda Delgado, pesquisadora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Energia, no Rio de Janeiro.
De acordo com a especialista, a Petrobras deve continuar em ritmo de crescimento nos próximos trimestres, principalmente pela perspectiva de aumento da produção. No entanto, isso não significa que as ações da estatal deixem de ser arriscadas.
“Como a Petrobras é de capital de misto, a insegurança política é muito maior, principalmente este ano com a eleição de um novo presidente”, acrescenta.
A economista Juliana Inhasz, do Insper, destaca também que a melhor perspectiva do mercado futuro, que elevou o preço dos derivativos do petróleo, teve forte contribuição para os resultados da estatal no segundo trimestre.
“Os preços subiram bastante e foram repassados. Vale destacar que também houve uma redução de endividamento que possibilitou melhores perspectivas para empresa”, afirma a professora.
Sobre o futuro da estatal, Juliana é tão otimista quanto Fernanda: “O desempenho da empresa está tacitamente ligado a uma boa gestão.”
(Com Reuters)