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PIB: os planos de quem pretende voltar a trabalhar e limpar o nome

Sinais de recuperação injetam novo ânimo e levam desempregados a planejar um horizonte melhor em 2019

Por Pietra Carvalho
Atualizado em 30 nov 2018, 10h08 - Publicado em 30 nov 2018, 09h54

Apesar de lentos, os sinais de recuperação da economia injetam algum ânimo em quem está em busca de emprego ou tenta limpar o nome para voltar a consumir. Dados do IBGE mostram que o produto interno bruto (PIB) cresceu 0,8% no terceiro trimestre de 2018 em relação ao três meses anteriores. Foi o sétimo resultado positivo após oito quedas consecutivas nesta base de comparação.

Na fila do Posto do Atendimento ao Trabalhador (PAT) da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, trabalhadores informais ou desempregados fazem planos para melhorar de vida. Esse é o caso de Renato Lima de Santos, 30 anos, que se formou em gastronomia na Universidade Cruzeiro do Sul. Ele trabalhava administrando cozinhas em restaurantes, mas foi demitido. Desde então, vem fazendo bicos como monitor de depósitos para conseguir alguma renda. Sem esperança de encontrar um emprego na sua área, ele pretende montar o próprio negócio. Enquanto o sonho não se realiza, ele busca uma ocupação no PAT.

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Renato Lima de Santos pretende juntar capital para abrir um negócio próprio na área da gastronomia (Pietra Carvalho/VEJA.com)

Já a auxiliar de produção Luana Arcanjo Mota, 21, busca qualquer chance de trabalho. Como não concluiu o ensino fundamental, ela diz ter mais dificuldade para se recolocar no mercado. Depois de 7 meses fazendo bicos, Luana busca mais estabilidade para o novo ano. Em 2019, planeja voltar a estudar, mas não fala sobre suas perspectivas para o futuro. Não tem preferência por nenhuma função e se coloca a disposição “para o que aparecer.” 

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Luana Arcanjo Mota, 21, parou de estudar na sétima série. Ela sofre para encontrar trabalho mesmo em funções básicas. (Pietra Carvalho/VEJA.com)

Devedores

O Brasil tem mais de 60 milhões de pessoas com o nome sujo devido ao atraso no pagamento de contas. A Serasa realiza desde segunda-feira um Feirão Limpa Nome no estacionamento do Shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo. Lá, os devedores podem renegociar o pagamento das dívidas com desconto ou alongamento de prazo diretamente com as empresas credoras.

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O fiscal de mercado Alvino Policarpo, 51, tenta tirar o nome das listas sujas do comércio, pois tem planos para o futuro. Ele pretende terminar a construção de sua casa e, para isso, precisa de nome limpo para fazer compras a prazo. “É um absurdo viver sem poder comprar nada.”

Ele conta que já estava pagando uma dívida renegociada, quando ficou desempregado no ano passado – faltavam apenas duas parcelas para quitar. Mas ele não conseguiu arcar com o pagamento e agora precisa fazer um novo acordo para quitar o que deve. 

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A caseira Maria Aparecida Oliveira, 43, está otimista em relação ao futuro. Ela quer limpar o nome para comprar material de construção para erguer uma casa no terreno que possui em Juquitiba (SP). Ela diz que ficou inadimplente com a demora para receber o auxílio-maternidade depois do nascimento do filho. O dinheiro só saiu quando a criança tinha 7 meses. Neste período, ela acumulou dívidas com bancos, lojas de roupa, supermercados. e cartão de crédito. 

Maria Aparecida acabou de receber sua carteira de habilitação e diz que poderá dirigir o carro do patrão. 

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Maria Aparecida Oliveira atribuiu seu otimismo ao futuro presidente do país, Jair Bolsonaro: “é o que o povo quer.” (Pietra Carvalho/VEJA.com)
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Planos após os 70

Aos 71 anos, a aposentada Maria Aparecida Macedo também quer voltar a trabalhar. Ela diz que não pode ficar parada, pois existem muitas dívidas para pagar. Maria Aparecida trabalhou por 30 anos em uma escola municipal, onde fazia de tudo um pouco. Enquanto aguarda a vez de ser atendida no PAT, ela conta que seu sonho é ser cantora. “Eu sonhava com Nelson Gonçalves e que mostrava minhas músicas para ele. Depois, comecei a escrever minhas letras. Tinha o sonho de mostrar uma delas no Perdidos na Noite (programa de auditório dos anos 80) mas com a dedicação para a família e o serviço, não deu.”

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Já faz algum tempo que ela pensa em voltar para Minas Gerais, a convite de primos. A idosa diz que a falta de perspectiva, com sua idade avançada e gênero como fatores excludentes em vagas de emprego, a fazem considerar a ideia cada vez mais.

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Maria Aparecida Macedo: em sua primeira visita ao PAT, o emprego ficou “só na promessa”. (Pietra Carvalho/VEJA.com)
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