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PIB surpreende, mas queda no investimento ainda é obstáculo

Consumo das famílias teve primeiro crescimento em nove trimestres, impulsionado por dinheiro do FGTS e queda da inflação

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 set 2017, 14h39 - Publicado em 1 set 2017, 14h04

A alta de 0,2% no PIB no segundo trimestre indica uma retomada mais consistente da recuperação econômica e a saída da recessão técnica. Embora o resultado tenha vindo acima das expectativas, economistas ouvidos por VEJA recomendam cautela. O principal motivo de preocupação ainda é a queda contínua nos investimentos: recuo de 0,7% em relação ao primeiro trimestre e 6,5% na comparação anual, a 13ª baixa seguida.

Segundo a coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Silvia Matos, dentre os fatores que inibem os investimentos estão as incertezas políticas e a evolução ainda tímida do emprego formal. O trabalho com carteira assinada  dá mais segurança para que as famílias voltem a gastar. “A expansão do crédito nos últimos anos está muito ligada à expansão da formalização no mercado de trabalho”, diz.

Um dos componentes que teve destaque negativo no investimento foi a construção civil, que caiu 7% em um ano. Os gastos do governo, outro fator que poderia dar um fôlego a mais nos próximos trimestres, também teve variação negativa, de 0,9%. Com o aumento do déficit fiscal, a tendência é de que os gastos públicos sigam em baixa até o fim do ano.

 

O ritmo da atividade na economia pode ser medido tanto pelo lado de quem produz – indústria, serviços e agropecuária – como pelo de quem consome.  O desempenho favorável no segundo trimestre, ainda que pequeno, foi explicado pelo aumento da demanda. O dinheiro que é gasto pelas famílias foi o principal motivo para esse crescimento. O consumo das famílias cresceu 1,4% na comparação com os três meses anteriores, a primeira alta em nove trimestres.

Para o diretor de macroeconomia do Ipea, José Ronaldo Júnior, esse resultado é explicado por fatores como uma pequena recuperação nos empregos, a queda nos juros e na inflação, e pelo dinheiro extra das contas inativas do FGTS. Esses fatores injetaram mais recursos na economia. “Boa parte do dinheiro do FGTS foi usada para reduzir dívidas. E isso abre espaço para consumo futuro”, explica. O saque das contas inativas totalizou 44 bilhões de reais entre março e julho, segundo a Caixa.

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O  economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, estima que esse impulso permaneça, ainda que o ritmo possa cair. Além da inflação baixa corroer menos os salários, não há perspectiva de que os preços vão aumentar nos próximos períodos, pois as indústrias ainda estão com bastante ociosidade. E a queda na Selic, iniciada em outubro do ano passado, ainda deve causar mais efeitos na economia. “Quando se corta a taxa de juros demora uns seis meses até haver reflexo na atividade econômica”, explica.

 

 

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