Os Estados Unidos registraram uma piora no mercado de trabalho, segundo dados do relatório Jolts, divulgados nesta terça-feira,29, pelo Departamento do Trabalho. As vagas de emprego em aberto caíram mais do que o esperado em 418.000, chegando a 7,443 milhões no último dia de setembro. A previsão do mercado era de 8 milhões. É o nível mais baixo registrado no país desde 2021 e segundo, economistas, é um novo sinal de arrefecimento da economia americana.
A redução das vagas vem acompanhada de um aumento significativo nas demissões em comparação ao mês anterior. As demissões cresceram em 165.000, atingindo 1,833 milhão e as contratações aumentaram em 123.000, chegando a 5,558 milhões.
Além disso, os dados de agosto foram revisados para baixo, indicando 7,861 milhões de posições não preenchidas em vez das 8,040 milhões divulgadas antes.
Na visão de José Alfaix, da Rio Bravo o resultado é compatível com a visão de retração do mercado de trabalho, que vem apresentando sinalizações mistas. “As vagas de emprego em aberto desaceleraram para 7,4 milhões, e observamos uma trajetória de declínio do indicador nos últimos dois anos. Como dito anteriormente, o número de demissões saltou para o seu maior nível desde janeiro de 2023, enquanto observamos a vacância cair de forma geral entre as indústrias. No entanto, houve queda no número de demissões voluntárias. Ou seja, os trabalhadores estão menos confiantes em trocar de emprego, o que corrobora para a visão de desaceleração do mercado de trabalho”, diz.
Segundo economistas, o cenário de retração no mercado de trabalho norte-americano gera expectativas de uma possível continuidade nos cortes de juros, enquanto o FED equilibra os riscos entre uma desaceleração controlada e a necessidade de incentivar o crescimento.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, acredita que os dados reforçam uma desaceleração gradual da demanda por mão-de-obra, o que poderá pressionar o FED a “ajustar sua postura sobre os juros” para suportar o crescimento econômico. Se essa desaceleração continuar, Kepler também vê a possibilidade de um corte nas taxas. “Caso essa desaceleração persista, podemos ver uma manutenção dos juros atuais ou até mesmo um corte, caso a situação exija um estímulo adicional para suportar o crescimento econômico”.
A redução nas vagas de emprego pode beneficia economias emergentes, como o Brasil, segundo Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus. “Não apenas pode favorecer o fluxo de capital estrangeiro em países emergentes como o Brasil, mas também contribuir para a desvalorização da moeda americana frente ao real”, diz.