Planejamento não é feito com base no boom de outorgas, diz diretor da EPE
Reinaldo da Cruz Garcia, diretor da EPE, diz que o planejamento de infraestrutura é feito com base no PIB, no consumo das famílias, entre outros critérios
Com uma matriz energética diversificada, um dos grandes desafios do Brasil é garantir a operação do sistema elétrico e planejar a expansão. Nos últimos anos, a entrada massiva de fontes renováveis mudou a configuração da geração e adicionou desafios geográficos, logísticos e de infraestrutura no sistema elétrico. Enquanto a maior parte da produção de energias renováveis, como eólica e solar, está localizada no Nordeste, onde a demanda por energia é menor, as regiões Sul e Sudeste concentram hidrelétricas e térmicas e são os locais com maior demanda. Além disso, o pico de consumo energético no Brasil ocorre no fim da tarde e início da noite, quando não há energia solar sendo produzida.
Nesse sentido, o Operador Nacional do Sistema (ONS) tem buscado uma definição de critérios para que o sistema consiga se flexibilizar de forma ágil e incluir energia produzida de fontes térmicas e hídricas rapidamente para suprir a demanda nos horários de maior consumo. “O ONS tem conversado com ministérios para que haja uma portaria estabelecendo os requisito de flexibilidade para que essas fontes entrem de forma rápida no sistema”, diz Reinaldo da Cruz Garcia, diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE-Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, durante painel do fórum VEJA Transição Energética.
O planejamento da infraestrutura de transmissão, segundo Garcia tem sido feito com prospecção de carga elétrica demandada com base em critérios que incluem números do Produto Interno Bruto (PIB), consumo das famílias e outros dados e não considera o número de outorgas concedidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pois a viabilidade dos projetos ainda é incerta. Desde 2021, foram concedidas outorgas com potência para produção de 200 gigawatts de energia renovável. Na análise de EPE, apenas um quarto das outorgas concedidas vão de fato se tornar viáveis no sistema elétrico brasileiro. “O planejamento de transmissão vai atender as outorgas que vão se viabilizar, o planejamento vem atendendo a expansão de oferta”, diz.
Esses critérios de planejamento darão segurança à expansão do sistema. “A matriz energética brasileira tem que ser expandida de forma limpa, justa, inclusiva socialmente e sustentável e para que continue se expandindo é importante que a questão da segurança seja abordada de forma sustentável”, diz