Política cambial não mudou e BC atua para liquidez, diz Campos Neto
Nos últimos dias, o BC tem realizado leilões de linhas de dólares com compromisso de recompra, para prover liquidez em período de saída de recursos
O Banco Central vai intervir no mercado de câmbio em caso de problema de liquidez ou de distorção dos preços relativos dos diferentes instrumentos, afirmou nesta quinta-feira, 27, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, frisando que a autarquia não faz discriminação contra nenhum instrumento cambial.
Questionado sobre declarações feitas mais cedo nesta quinta-feira pelo diretor de Política Monetária, Bruno Serra, que alertou para o aumento do custo de carregamento dos contratos de swap cambial para o mercado, Campos Neto negou que haja uma mudança na política. “O que estamos fazendo é sendo mais ativos nos diferentes instrumentos e reagindo à diferença de precificação”, afirmou Campos Neto.
“Se o preço no futuro está muito caro em relação ao spot (à vista), é um tipo de proteção. Se a gente tem um problema no cupom (cambial) ou um problema de liquidez e está precisando de uma linha para uma rolagem, ou algo assim, é um outro tipo de intervenção.”
O BC tem realizado nos últimos dias um número relevante de leilões de linhas de dólares com compromisso de recompra, visando prover liquidez em período tipicamente de saída de recursos. Apenas em junho até o momento, foram liquidadas vendas de 6 bilhões de dólares nessas operações, maior valor desde dezembro passado.
O Banco Central seguiu ainda com operações de venda de swap cambial para rolagem de contratos, o que mantém a disponibilidade de “hedge” ao mercado. Nesta quinta, o BC concluiu a rolagem dos 10,089 bilhões de dólares em contratos que expirariam em 1º de julho. Segundo Campos Neto, o BC trabalha com cenário de aprovação da reforma da Previdência, mas não há nenhum tipo de “chantagem” sobre cortar os juros apenas com as reformas aprovadas.
Reforma da Previdência
Questionado sobre qual avanço na reforma da Previdência determinaria um corte de juros – se uma aprovação na comissão especial da Câmara ou no plenário -, o presidente do BC afirmou que não há uma relação “mecânica” entre os fatores. O mais importante, segundo Campos Neto, é avaliar como a reforma vai afetar o canal de transmissão para a inflação. Ele ressaltou que a sensibilidade ao tema se estende ao mercado, uma vez que os agentes financeiros também entendem o risco relacionado à reforma como “preponderante”.
Em documentos recentes, o BC tem indicado, na avaliação do mercado, que eventual retomada do processo de flexibilização monetária depende do progresso na agenda de reformas e que esse risco é “preponderante” para o balanço de riscos para a inflação.