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Por que a ata do BC dos EUA desanimou os mercados mundiais

Documento divulgado nesta quarta mostra cautela adicional com a recuperação econômica a longo prazo; Ibovespa aumentou a queda em dia realização de lucros

Por Luisa Purchio Atualizado em 19 ago 2020, 17h41 - Publicado em 19 ago 2020, 17h20

A divulgação da ata da reunião do FOMC, o Comitê Federal de Mercado Aberto, do Federal Reserve, o banco central americano, deixou os investidores ressabiados mundo afora, com os mercados passando a operar em baixa após a disponibilização do documento, na tarde desta quinta-feira, 19. O documento do Fed indicou que os juros baixos, próximos a zero, serão mantidos pelos Estados Unidos, mas que há cautela com o cenário de pandemia para indicar os juros a longo prazo. “O documento reforça que o FED está preocupado com os efeitos do coronavírus na economia, mas coloca que precisa de mais dados para decidir o caminho dos juros no longo prazo”, diz Thomás Gilbertoni, especialista de investimentos da Portofino. Com isso, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, fechou em queda de 1,20%, aos 100.842 pontos.

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O documento, referente ao encontro de 28 e 29 de julho, sinaliza a preocupação que a recuperação econômica mostre uma trajetória incerta. Segundo o relatório os membros do FOMC julgam que a recuperação do emprego vista em maio e junho nos Estados Unidos provavelmente desacelerou e que “melhoras substanciais”  dependem de uma reabertura “ampla e sustentada” da atividade empresarial. Como a pandemia se comporta de formas diferentes no mundo e as autoridades se preocupam com o risco de uma segunda onda, há a incerteza sobre a trajetória econômica nesta recuperação da economia americana e mundial. Diferentemente do tom anterior do presidente do Fed, Jerome Powell, a ata do Fomc afirma que são necessários mais dados para decidir o caminho do juros a longo prazo

O Ibovespa já operava em ritmo de cautela desde o início do dia dessa quarta-feira 19, em dia de realização de lucros após as altas de ontem, decorrentes do “fico” do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo de Jair Bolsonaro, mas após a ata do FOMC, a queda se acentuou. O dólar, por sua vez, que já estava subindo antes da divulgação do documento, continuou a tendência de alta e fechou a 1,13%, a 5,53 reais. O crescimento ocorreu mesmo após o leilão extraordinário de swap cambial anunciado pelo Banco Central, que vendeu 10 mil contratos de swap, 4.4050 com vencimento em novembro e 5.950 com vencimento em março de 2021. Por aqui pesam também as discussões sobre a política fiscal.

As bolsas americanas também se desanimaram com a divulgação do documento. Por volta das 17h10, o Dow Jones operava em baixa de 0,31%, a 27.692 pontos. O Nasdaq, o índice das bolsas de tecnologia, caía 0,57%, para 11.146 pontos. A queda no mercado financeiro ocorre devido a mudança de tom da ata do Fed que, assim como o presidente, Jerome Powell, afirmavam que o Banco Central americano continuaria usando todas as suas ferramentas para impulsionar a economia. Uma das maiores preocupações do mercado financeiro é que o Fed aumente a taxa de juros para que a inflação fique abaixo da meta de 2%. De acordo com o CPI YoY, a inflação americana de julho no acumulado dos 12 meses anteriores foi de 1%. “A informação de que os membros do Comitê discutiram mudanças na estratégia da política monetária de metas contribuiu para os investidores em Nova York e no Brasil fossem para a defensiva”, diz Gilbertoni, da Portofino.

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Essa incerteza ocorre em meio à estagnação da aprovação de um pacote robusto de auxílio à economia, parado há duas semanas no Congresso devido aos desentendimentos entre republicanos e democratas. Ontem Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, sinalizou que os democratas estão dispostos a reduzir o valor do auxílio para se chegar a um acordo. Enquanto os republicanos querem um pacote de até 1 trilhão de dólares, democratas aceitaram reduzir a sua proposta para 2 trilhões, valor que pode sofrer mais cortes. Enquanto não há no longo prazo um ponto final para a pandemia e no curto prazo uma maior certeza sobre a prorrogação dos benefícios à economia, a volatilidade deve se manter no mercado americano.

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