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Por que a bolsa de São Paulo subiu apesar da histeria com o coronavírus

Enquanto as bolsas chinesas afundaram mais de 7%, o Ibovespa fechou em alta e voltou ao patamar dos 115 mil pontos

Por Felipe Mendes 3 fev 2020, 19h23
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  • O surto do coronavírus assustou investidores e derrubou as bolsas dos países emergentes na última semana. O Ibovespa, por exemplo, obteve declínio de quase 4% entre o dia 27 de janeiro e a sexta-feira, 31. Mas parte dos danos foi revertido nesta segunda-feira, 3, quando o principal indicador da B3 subiu 1,18%, voltando a ultrapassar a marca dos 115.000 pontos. Depois de dias operando em alta, o dólar comercial fechou em queda de 0,77%, encerrando o dia cotado a 4,248 reais.

    O dia foi marcado pelo pânico que tomou os investidores chineses por conta da epidemia. Na bolsa de Xangai, por exemplo, o revés foi de 7,72% — foi a maior baixa percentual diária em mais de quatro anos. Enquanto isso, a bolsa de Shenzhen, segunda mais importante do país asiático, recuou 8,41%.

    O motivo por trás de movimentos tão opostos está no período em que as bolsas na China ficaram fechadas. Desde 24 de janeiro, o país vive o período de festas — se é possível dizer isso em um momento como este — que marcam o Ano Novo Chinês. Assim, o movimento de baixa nas bolsas globais já aconteceu, enquanto que no país asiático a correção de ativos se acumulou nos dias em que o mercado acionário ficou fechado. “Na última semana, as bolsas derreteram. Com a OMS tentando acelerar o desenvolvimento de remédios, o mercado se acalmou. Mas a semana ainda será tensa. Volatilidade será o nome do jogo agora”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset.

    Uma das ações adotadas pelo Banco Central da China, a injeção de mais de 125 bilhões de dólares, acabou por afastar o temor de investidores no Ocidente, embora não tenha aplacado o banho de sangue que foi o pregão nas bolsas daquele país. Além disso, os esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS) para criar vacinas e conter a disseminação do vírus, que já infectou mais de 17.200 pessoas mundo afora, tem sido visto com bons olhos pelo mercado de ações. Contudo, levará mais algum tempo até que investidores confiem na contenção do vírus, uma vez que o número de pessoas diagnosticadas com o vírus aumenta a uma média diária superior a 20%.

    Depois de ostensiva queda na última semana, as moedas de países emergentes se recuperaram no início desta semana. Segundo Mauriciano Cavalcante, diretor da corretora Ourominas, o dólar deve continuar em queda nos próximos dias. “Por tudo que está acontecendo, se a disseminação do coronavírus se controlar, o dólar deve voltar para cerca de 4,20 reais. Esse é o mais provável”, diz ele.

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