ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Por que elevar a arrecadação via IOF obrigará o governo a gastar mais em 2026

Vinculação de despesas e receitas prevista no Orçamento já pressiona 2026, segundo economista do Inter

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 Maio 2025, 19h47 - Publicado em 23 Maio 2025, 16h54

Ao elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de diversos tipos de transação, o governo Lula pegou um perigoso atalho para cumprir a meta fiscal deste ano, que desembocará em mais gastos em 2026. A avaliação é de Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. Em relatório enviado aos clientes nesta sexta-feira, 23, Vitória chama atenção para os mecanismos de vinculação entre receitas e despesas obrigatórias.

“Infelizmente, o governo insiste em repetir a fórmula de aumentar impostos para cobrir o déficit fiscal, que por sua vez vai gerar novo aumento de gastos no ano seguinte, devido às vinculações das despesas à arrecadação, desde a destinação de gastos com saúde e educação até as transferências para estados e municípios”, escreve a economista. “Seguimos aumentando impostos e aumentando despesas, ainda distantes do ajuste fiscal.”

Pelas regras do arcabouço fiscal criado no governo Lula para substituir o antigo teto de gastos, sempre que o resultado primário se mantiver dentro da margem de tolerância de 0,25% do PIB, o governo está autorizado a elevar as despesas, desde que o aumento corresponda a 70% do crescimento das receitas do ano anterior. A meta deste ano é zerar o déficit primário, mas com margem de tolerância de 31 bilhões de reais para mais (gerando assim um superávit primário) ou para menos (gerando um déficit).

Como a maioria dos economistas acredita que as medidas para conter despesas anunciadas nesta quinta-feira 22 ajudarão o governo a cumprir a meta, ainda que dentro da margem de tolerância, o mecanismo de elevar as despesas será acionado para 2026.

Ao mesmo tempo, as diversas vinculações previstas no Orçamento, como os gastos mínimos com saúde e educação, deixam os ministérios da Fazenda e do Planejamento sem margem de manobra. Assim, ao elevar o IOF, o governo espera aumentar em 20 bilhões de reais a arrecadação deste ano. Com isso, a base de cálculo das despesas em 2026 já será maior.

“Com o atual arcabouço, estamos longe de um ajuste fiscal sustentável, com déficit estimado em 0,6% do PIB esse ano e ainda maior para 2026, quando o governo deve aumentar a isenção de IR”, afirma Vitória. “A insegurança fiscal e o aumento da carga tributária vão seguir como pontos negativos no cenário,  potencialmente desacelerando ainda mais o crescimento do PIB.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.