Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Por que o Renda Brasil é um quebra-cabeça sem todas as peças

Para chegar ao valor pedido por Bolsonaro e não punir trabalhadores de baixa renda, reformas precisam ser aprovadas antes do programa assistencialista

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 ago 2020, 15h00 - Publicado em 26 ago 2020, 14h51
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Havia uma ponta de esperança na equipe econômica de conseguir fechar as contas e convencer o presidente Jair Bolsonaro do plano criado para o Renda Brasil, o substituto do Bolsa Família. A expectativa é que, se o chefe concordasse com os valores e a origem dos recursos, o anúncio seria feito nesta quinta-feira, 27. Agora não há mais. Bolsonaro deixou absolutamente claro que não gostou em nada da proposta apresentada pelo ministro Paulo Guedes: “Não posso tirar dinheiro do pobre para dar ao paupérrimo”. Complementou: “Tá suspenso. A proposta não será enviada ao Parlamento.”

    Bolsonaro rechaçou diversos pontos do texto. O primeiro, o valor médio de 247 reais. Ele quer, no mínimo, 300 reais — a metade do valor base do Auxílio Emergencial. Além disso, uma das fontes de recursos, o abono salarial — a complementação anual de um salário mínimo para empregados celetistas com até dois salários de remuneração — seria extinto para abrir espaço no orçamento. O abono cobriria 80% dos recursos extras do Renda Brasil, que custará cerca de 20 bilhões de reais a mais do que o orçamento do Bolsa Família.

    Guedes possui nas mãos um quebra-cabeça para montar, mas algumas peças estão faltando. Tudo o que está sendo oferecido não necessita de rearranjos profundos na legislação. Para conseguir mais, será necessária a aprovação de reformas que permitam um espaço maior no orçamento. E aqui se fala de duas PECs das mais delicadas: a PEC Emergencial, que corta salários de funcionários público à força à medida que o orçamento fica estrangulado, e a PEC do Pacto Federativo, que desvincula o orçamento de amarras constitucionais — como as exigências de destinação mínimas para saúde e educação. Sem elas, o quebra-cabeça nunca ficará completo. Outra peça que precisa ser disponibilizada é a da reforma tributária. Para aumentar o valor do Renda Brasil, Guedes quer acabar com as deduções de imposto de renda e elevar as alíquotas para os mais ricos. A proposta não está fechada, contudo.

    ASSINE VEJA

    Aborto: por que o Brasil está tão atrasado nesse debate
    Aborto: por que o Brasil está tão atrasado nesse debate Leia nesta edição: as discussões sobre o aborto no Brasil, os áudios inéditos da mulher de Queiroz e as novas revelações de Cabral ()
    Clique e Assine
    Continua após a publicidade

    Essas medidas são importantes para que o governo consiga “rebaixar o piso” do orçamento e evitar o derrubada do teto de gastos. Sem essas medidas, não é possível ampliar os valores de transferência de renda e nem aumentar significativamente o número de beneficiários. Portanto, planejar os recursos do Renda Brasil é um exercício de antecipação de um futuro que está distante de se concretizar.

    Depois da chamada pública de Bolsonaro em Guedes, voltou a se falar sobre um possível desgaste entre os dois. Um proeminente assessor do ministro negou que isso possa significar uma saída. Guedes só deixa o Ministério no dia que Bolsonaro assim demandar, afirmou. Apesar disso, a insatisfação com a situação delicada é evidente e Bolsanaro exige uma solução. O Renda Brasil, dessa forma, acaba por se materializar no mais claro exemplo de que os desejos do presidente nem sempre podem ser realizados assim que ele os pede. Pelo menos enquanto o teto de gastos ainda existir.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.