Uma das sanções mais esperadas pela Ucrânia e pela comunidade internacional que deseja ver a Rússia sofrer consequências mais severas por invadir a Ucrânia é a exclusão do país da Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês). A análise é que apenas essa exclusão faria o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sofrer pressão interna dos empresários russos.
Na prática, excluí-la desse sistema que é o maior de comunicação entre bancos e instituições financeiras significaria dificultar o envio e o recebimento de dinheiro da Rússia. Localizado em Bruxelas, o SWIFT é regido pela legislação belga e utilizado por mais de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países. Apesar de ser a sanção mais dura hoje no horizonte, especialistas analisam que nem ela seria capaz de impedir Putin de seguir com seus planos geopolíticos.
“Temos histórico de países pequenos que não cederam a sanções econômicas. Que dirá a Rússia, que tem lastro para manter esse conflito por um bom tempo?”, questiona Renata Amaral, consultora em comércio internacional e professora da American University. “Não acho que isso mudaria o curso de suas ações, mas traria consequências”, diz ela.
Apesar de a exclusão do SWIFT trazer impactos significativos, existem alternativas para países que não levantaram barreiras diretas à Rússia enviarem e receberem remessas internacionais, como é o caso do Brasil. “Existem formas de se esquivar do SWIFT, como por exemplo pagar a empresa com quem está se negociando em uma conta sua em Genebra. Depois, os caminhos pelos quais o valor chega à Rússia não são das vias mais transparentes, como paraísos fiscais. Esse processo não é necessariamente mais caro, mas mais trabalhoso”, diz Amaral.
Quando o Irã foi excluído do SWIFT devido aos avanços em seu programa nuclear, por exemplo, instituições de comércio exterior brasileiras conseguiram seguir com os negócios com o país passando por países terceiros. Hoje há, ainda, a possibilidade de realizar pagamentos via criptomoedas.
Negócios brasileiros
Os principais produtos negociados entre o Brasil e a Rússia são, em primeiro lugar, os fertilizantes agrícolas, itens importados da Rússia e dos quais o Brasil é extremamente dependente. Além deles, recentemente houve uma intensificação na venda de proteínas brasileiras para a Rússia, principalmente carnes e aves.