A caderneta de poupança registrou entrada líquida de 13,327 bilhões de reais em 2019, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 7, pelo Banco Central, fechando o ano no positivo. Esse é o pior resultado desde 2016, quando 40,7 bilhões de reais foram retirados das cadernetas. O resultado ocorre em meio à queda na remuneração do tradicional produto de investimento entre os brasileiros diante da diminuição da Selic, que está em 4,5% ao ano, menor patamar da história.
No consolidado do ano, os depósitos superaram os saques em 12,390 bilhões de reais no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), enquanto na poupança rural houve ingresso líquido de 937,497 milhões de reais. O resultado de 2019 foi fruto de captação de 2,475 trilhões de reais e de saque de 2,461 trilhões de reais.
Em dezembro, mês tradicionalmente positivo por conta do pagamento do 13º salário, houve captação líquida de 17,211 bilhões de reais. O resultado para o mês, foi o melhor desde 2017.
Remuneração pequena
Com os juros em mínimas históricas, a remuneração da poupança tem minguado cada vez mais. Com a inflação baixa e a atividade econômica em marcha lenta, o BC reduziu a Selic em 2 pontos em 2019, ao patamar atual de 4,5% ao ano.
Por lei, toda vez que a Selic for igual ou inferior a 8,5%, a remuneração da poupança passa a ser de 70% da Selic acrescida da Taxa Referencial (TR), que atualmente está zerada.
Hoje, isso equivale a uma remuneração de 3,15% ao ano para a poupança. Como a expectativa de inflação para 2020 é de 3,60%, conforme boletim Focus mais recente, as aplicações na poupança na prática não devem ter ganho real neste ano.
Com a Selic acima de 8,5%, a poupança rende TR mais 0,5% ao mês. Mas desde setembro de 2017 a taxa básica de juros está abaixo deste nível.
Para César Bergo, economista e professor do curso de Especialização em Mercado Financeiro e Investimentos da UnB (Universidade de Brasília), um dos motivos que justificam a menor captação líquida da poupança no ano de 2019 é a baixa rentabilidade do produto.
“Nunca houve uma situação tão dramática quanto essa (para a poupança)”, disse ele, em referência à perspectiva de rentabilidade negativa.
Para Bergo, a expectativa é que o quadro se agrave em 2020, com o rendimento da poupança ficando ainda mais distante da inflação do período.
(Com Reuters)