Preços agropecuários derrubam IGP-DI e ajudam a conter pressão inflacionária
O índice caiu 0,03% em outubro, após alta de 0,36% em setembro; em 12 meses, acumula 0,73%, bem abaixo dos 5,91% registrados um ano antes
Em um ano em que a inflação mundial segue pressionada por tensões geopolíticas, o Brasil abriu outubro com um raro suspiro de alívio. O IGP-DI, um dos termômetros do movimento de preços no país, recuou 0,03% no mês, desacelerando em relação à alta de 0,36% registrada em setembro.
O movimento, embora discreto, ajuda a consolidar um cenário de inflação moderada: o índice acumula queda de 1,31% em 2025 e alta de apenas 0,73% em 12 meses. A leitura contrasta fortemente com o quadro de um ano atrás. Em outubro de 2024, havia subido 1,54% no mês e acumulava 5,91% em 12 meses, quase oito vezes o ritmo atual.
A reversão deste ano tem uma origem clara: a desaceleração dos preços no atacado. O IPA, que captura as variações antes de chegarem ao consumidor e responde por 60% do IGP-DI, caiu 0,13% em outubro. O recuo foi impulsionado, sobretudo, pela queda de produtos agropecuários: soja, café, trigo e leite ficaram mais baratos. “As quedas generalizadas nos preços agropecuários exerceram forte pressão deflacionária no indicador”, explica Matheus Dias, economista do FGV IBRE.
No varejo, o alívio também veio, mas por outros caminhos. O IPC, o subíndice que mais se aproxima da inflação cotidiana, avançou 0,14% em outubro, um terço do ritmo observado em setembro. A desaceleração teve dois protagonistas: passagens aéreas e tarifas de energia elétrica, que juntas retiraram 0,18 ponto percentual do índice.
Ainda assim, nem tudo ajudou. Preços de Saúde e Cuidados Pessoais, Vestuário e Comunicação aceleraram, sugerindo que a inflação de serviços segue teimosa. O núcleo do IPC subiu de 0,24% para 0,31%, evidenciando uma persistência que o Banco Central acompanha de perto. Dos 85 itens que compõem o índice, 46 foram desconsiderados no cálculo do núcleo: 27 apresentaram variações inferiores a 0,09% e 19 registraram taxas acima de 0,60%, limite superior da banda de corte.
Se a inflação recua no atacado e no consumo, a construção civil segue em outra direção. O INCC subiu 0,30%, quase o dobro do mês anterior. O movimento reflete principalmente o avanço dos custos de mão de obra e a alta de itens-chave, como cimento e condutores elétricos.
A leitura do IGP-DI de outubro reforça um cenário que economistas já vinham antecipando: a inflação segue desacelerando, mas com pontos de pressão que demandam vigilância.
Em um contexto de juros ainda elevados, essa combinação tende a dar conforto ao Banco Central para decidir sobre o ciclo de afrouxamento monetário, previsto para o próximo ano. O núcleo em aceleração e a resiliência dos serviços lembram que o processo desinflacionário é mais lento do que os números sugerem. Ainda assim, a fotografia é mais favorável do que a de um ano atrás.
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