Desde o início da invasão russa à Ucrânia, a atenção do mundo às consequências econômicas do conflito se voltaram para a disparada do petróleo e como essa alta impacta na inflação. O barril do tipo brent, utilizado como referência no mercado internacional, acelerou na semana passada chegando a bater 139 dólares e, nesta segunda-feira, 14, opera na casa dos 105 dólares. Porém, outra commodity pode gerar grande impacto inflacionário e ter efeitos em alimentos que fazem parte do dia a dia do brasileiro, como o pãozinho e o macarrão.
A tonelada do trigo subiu de 287 dólares em 23 de fevereiro, um dia antes da invasão coordenada por Putin, para 385 dólares nesta segunda-feira. A alta é significativa para o Brasil pois o país produz menos da metade do trigo que consome, explica a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Por ser dependente da importação, o Brasil fica exposto às variações internacionais da commodity. Apesar de importar a maioria do trigo da Argentina, o conflito entre Rússia e Ucrânia impactam o valor global do produto, já que as duas nações são responsáveis por 30% das exportações mundiais de trigo.
Segundo a Abimapi, a disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém existe a entrega de farinha compromissadas em contratos antigos. “O que se pode afirmar é que haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que, a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos.”
De acordo com a entidade, o impacto da alta do trigo deve chegar em breve ao bolso do brasileiro e pesar ainda mais no orçamento. “As indústrias estão com estoques relativamente curto, pois estão no início da entressafra de trigo, lembrando que o produto acabado também não tem estoques e que varia muito de empresa para empresa.” Nos últimos 12 meses, ainda sem o impacto da guerra, o macarrão subiu 12,01%, acima dos 10,54% da inflação acumulada no período. Já os panificados acumulam alta de 9,49%, com o pão francês tendo disparado 16% no acumulado do período.