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Como o maior IPCA para fevereiro em 22 anos influencia o próximo Copom

Sete economistas avaliam o resultado do IPCA como uma confirmação de quem os juros vão continuar subindo na próxima reunião do Copom

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 mar 2025, 08h48 - Publicado em 12 mar 2025, 11h40

A alta da inflação de 1,31% em fevereiro era esperada e coloca o Banco Central em alerta. O IPCA de fevereiro deve confirmar a indicação de alta dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, na avaliação de economistas e agentes do mercado financeiro. O resultado de hoje é a maior alta do IPCA para o mês de fevereiro em 22 anos. A inflação foi puxada pelo aumento na conta de luz, com o fim do desconto do bônus de Itaipu, e pelos gastos com educação, devido à volta às aulas.

Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, a inflação registrada está bem próxima da projeção do banco, que era de 1,33%. O resultado deve levar o BC a elevar a Selic em 100 pontos-base na reunião de março, para 14,25% ao ano, com nova alta em maio. “ O dado de hoje confirmou que a dinâmica de inflação segue desafiadora e respalda a extensão do ciclo de aperto monetário em curso”, avalia.

O dado não trouxe novidades, e já estava desenhado pelo IPCA-15, prévia do mês, diz Patrícia Krause, economista chefe Latin America da Coface, que projeta mais um aumento nos juros. Essa também é a avaliação de Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. “Provavelmente virá uma alta muito em linha com a ata divulgada na última reunião.” 

“Como esperado, o grande vilão foi a energia elétrica, com alta considerável. Além disso, o reajuste das mensalidades escolares pesou forte no índice. Esse dado reforça um cenário desafiador para a política monetária”, diz Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. Em um momento em que a inflação acima da meta mantém o Banco Central em alerta, ele acredita que o dado reforça a permanência do ciclo de aperto monetário e limita cortes na Selic.

Luiz Cesário, economista-chefe da Asset 1, diz que, embora tenha vindo em linha com as expectativas do mercado, a sua composição continua revelando um cenário preocupante para o BC. Ele afirma que há pressões disseminadas sobre a inflação que precisam ser combatidas pela instituição. “Os núcleos de inflação seguem pressionados, rodando em patamares acima do teto da banda da meta. E o núcleo de serviços permanece muito alto rodando em um patamar anualizado próximo a 8%”, diz. 

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O economista André Valério, do Banco Inter, concorda que o resultado do IPCA não deve alterar a trajetória da política monetária indicada no guidance dado na ata da última reunião. Para os próximos passos, entretanto, o economista vê como provável uma última alta na reunião de maio, de 50 pontos-base, levando a Selic a 14,75%. “As expectativas ainda não absorveram totalmente a melhora do câmbio neste primeiro trimestre, tampouco a desaceleração da atividade no último trimestre de 2024”, diz. 

Mesmo com uma alta probabilidade de mais um aumento em maio, ele considera o cenário ainda muito incerto. “Isso torna prudente o Copom não se comprometer, neste momento, com nenhuma trajetória futura de política monetária”, diz.

A percepção de analistas e economistas sobre a ata divulgada após a reunião de janeiro, a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado de Lula para a presidência do Banco Central, é que o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu ainda mais o tom do que o comunicado. A fala mais dura foi percebida em relação às preocupações com inflação, controle fiscal e cenário externo.

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O resultado de hoje do IPCA, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, mostra a força da aceleração da inflação no Brasil e põe mais pressão no BC para promover o aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião e aumentar ainda mais o tom da comunicação.  

“Deve gerar uma comunicação dura que possa garantir que a autoridade monetária fará tudo a seu alcance para a convergência das expectativas da inflação”, afirma. Segundo ele, qualquer posicionamento do BC que se desvie dessa linha pode agravar significativamente o cenário para os ativos brasileiros, em especial o dólar.

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