Produção de veículos é a maior em seis anos, mas começa a perder espaço para China
A fabricação de 217,4 mil carros em fevereiro foi a maior desde 2019, somando 392,9 mil no bimestre

A indústria automotiva brasileira começou 2025 com um forte impulso, com a produção de veículos em fevereiro alcançando o maior patamar dos últimos seis anos. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram produzidos 217,4 mil carros no mês passado, um crescimento de 24,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram fabricados 189,7 mil veículos. Apesar da alta na produção, o número está ainda 40,5 mil abaixo de fevereiro de 2019, quando foram feitos 257,9 mil veículos
Totalizando os dois primeiros meses do ano (janeiro e fevereiro), a indústria registrou um total de 392,9 mil veículos fabricados—um aumento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo o presidente da Anfavea, esse é o melhor desempenho para o primeiro bimestre desde 2021, impulsionado por uma combinação de demanda interna e crescimento das exportações.
O volume exportado cresceu 54,9% nos dois primeiros meses de 2025, impulsionado por uma forte retomada da demanda na Argentina, que respondeu por 62% de todos os veículos exportados pelo Brasil no período. Chile, Colômbia e Uruguai também contribuíram para o boom das exportações, ajudando o Brasil a recuperar parte do terreno perdido nos últimos anos.
Perdendo espaço
Contudo, o cenário não é isento de preocupações. A posição do Brasil nas exportações automotivas na América Latina tem sido gradualmente corroída pela China. Em 2013, os veículos fabricados no Brasil representavam 22,5% de todas as exportações de automóveis para a região, enquanto os carros chineses detinham uma participação de 4,6%. Avançando para 2024, a China conquistou 27,9% do mercado latino-americano, ultrapassando os 13,9% do Brasil.
No mercado interno, a situação não é menos preocupante. As importações já representam 21,1% de todos os veículos vendidos no Brasil, um nível não visto desde 2012. Desse total, 10,8% vêm do bloco comercial do Mercosul, enquanto os outros 10,3% são originários de fora da região, com a China novamente desempenhando um papel de destaque. Leite ressaltou a urgência da aplicação de uma tarifa de importação de 35% sobre todos os veículos, independentemente de sua origem ou motorização, para proteger a indústria nacional.
Outro fator de preocupação são o encarecimento do crédito. As vendas de veículos cresceram 9% nos primeiros dois meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado, o maior nível desde 2020. No entanto, 70% das compras de veículos novos são financiadas e as altas taxas de juros ameaçam enfraquecer o entusiasmo dos consumidores.