Economistas já preveem que a economia brasileira deve crescer neste ano menos do que no ano passado, quando o avanço foi de apenas 1,1%. Após a euforia causada pelo início do governo de Jair Bolsonaro (PSL), quando o otimismo pela mudança levou analistas a preverem um PIB (Produto Interno Bruto, índice que serve para medir a atividade econômica, calculando a soma de todas as riquezas produzidas por um país, dentro de um determinado período) em torno de 3% para 2019, agora a expectativa é de um crescimento de apenas 1%.Há tempos a economia brasileira não apresenta um avanço significativo. Tanto em 2018 como em 2017, o PIB foi de 1,1%. Em 2016 e em 2015, a economia teve retração, de 3,3% e 3,5%, respectivamente. Devido a sinais de desaceleração da atividade econômica no primeiro trimestre deste ano, bancos e consultorias passaram a cortar as projeções. O Itaú divulgou nesta segunda-feira, 13, redução da expectativa de 1,3% para 1,0% para o PIB de 2019. Na sexta-feira, 10, diante do ritmo de crescimento no começo deste ano aquém do esperado, o Bradesco revisou a projeção de alta do PIB de 1,9% para 1,1%. Entre outras estimativas, o banco Santander espera avanço de 1,3%, a XP Asset Management, de 1,1% e a LCA Consultores, de 1,5% (“com tendência de redução”). Os cortes das projeções levam uma conta, principalmente, uma perspectiva de aprovação da reforma da Previdência mais tardia no Congresso Nacional, o que posterga a volta da confiança, dos empresários e dos consumidores e, consequentemente, das decisões de investimentos.Com base nos indicadores de atividade de março, o Itaú reduziu a projeção para o PIB do primeiro trimestre de -0,1% para -0,2%, na comparação trimestral dessazonalizada. “A principal contribuição foi a produção industrial, que recuou 1,3% ante fevereiro. Ademais, a confiança do empresário não se recuperou em abril, após forte queda em março, e a criação de empregos medida pelo Caged está desacelerando. Esses fatores nos levam a crer que a incerteza associada à implementação de reformas tem pesado em alguma medida sobre a atividade econômica”, informou o banco, em seu relatório.De acordo com o cenário econômico traçado pelo Bradesco, “a produção industrial de março confirmou que o setor não apresenta sinais de retomada; no comércio, os indicadores de março também frustraram as expectativas, enquanto os indicadores antecedentes mostram que o início do segundo trimestre também foi de recuperação gradual. Sem um ritmo claro de retomada, a confiança de empresários e consumidores para os próximos seis meses continuou cedendo, o que tem impacto nos investimentos e no emprego”. Com a dificuldade de aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados antes do terceiro trimestre deste ano e com os ruídos políticos de curto prazo, a XP “alterou para baixo a trajetória para as confianças do setor industrial e do consumidor, com impacto na recuperação do consumo e do investimento”.De acordo com a LCA Consultores, no cenário internacional, a premissa que mais se enfraqueceu recentemente é a de que não haveria escalada das tensões entre EUA e China. “Um posicionamento mais duro dos EUA (novas elevações de tarifas) e retaliações da China devem enfraquecer ainda mais o comércio global, impactando negativamente a economia brasileira –que já sofre com a desaceleração da economia Argentina”, segundo nota da consultoria.