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Quais motivos explicam os recordes do ouro

Metal opera em alta após fechar pela primeira vez acima dos 2 mil dólares, nova máxima histórica; ativo é considerado seguro e sobe durante graves crises

Por Luisa Purchio Atualizado em 5 ago 2020, 12h06 - Publicado em 5 ago 2020, 11h49
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  • A busca por segurança dos investidores em meio à pandemia do novo coronavírus e a desvalorização do dólar fez com que a busca pelo ouro disparasse, e o porto-seguro dos investimentos não para de bater recordes. Na manhã desta quarta-feira, 5, o ouro opera em alta, acima dos 2 mil dólares a onça troy (aproximadamente 31g), patamar que foi superado no fechamento de terça-feira pela primeira vez na história. Por volta das 10h desta quarta no horário de Brasília, a commoditie estava em alta de 1,49%, a 2.051,2 dólares. Desde o dia 23 de março, quando houve o fatídico derretimentos das  bolsas devido à disseminação da Covid-19, o metal acumula valorização de 28,5%.

    A busca pelo ouro acompanha a desvalorização do dólar, que ocorre devido aos bilionários incentivos do banco central americano, o Fed, para acelerar a economia dos Estados Unidos. “O mercado está muito preocupado com a perda do valor do dinheiro. Há muita impressão de dólar e aumento de dívida: teremos inflação ou taxa de juros negativa e ambos desvalorizam a moeda”, diz Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos. O DXY, índice que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, sendo o euro a principal delas, caiu 8,88% desde o dia 23 de março.

    Apesar da alta, um ponto pesa contra o ouro e faz com que investidores como Warren Buffett prefiram outros metais como a prata: seu baixo uso industrial e pequena capilaridade no mercado. Diferentemente do dólar, que é aceito em todo o mundo e nas mais diversas transações internacionais, o ouro é mais difícil de ser vendido. Por isso sua volatilidade é tão alta e, passadas as crises, o metal tende a se desvalorizar. “Só em momentos de crises muito agudas, como a atual, o preço do ouro dispara. Depois ele vira tão vil como qualquer outra coisa. Ele é muito valioso e portátil, mas não rende juros, como os títulos americanos”, diz Simão Davi Silber, professor de Economia da USP e pesquisador da FIPE.

    A falta de uma perspectiva para o término da crise do novo coronavírus e as incertezas sobre a aprovação de uma vacina, junto com as novas ondas de infecção nos Estados Unidos e na Alemanha e com os pacotes de injeção de moeda na economia têm sido indiretamente responsáveis por essa gradual valorização do ouro. Até a pandemia da Covid-19 encontrar um ponto final no horizonte, especialistas afirmam que a tendência é que o metal continue a subir para, enfim, começar a cair.

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