Quanto os Estados Unidos são importantes para o etanol brasileiro?
Etanol anidro, utilizado na produção de tintas e solventes, deve ser mais afetado que o etanol hidratado, usado como combustível

Os impactos das tarifas recíprocas ordenadas nesta quinta-feira, 13, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras de etanol de cana-de-açúcar serão distintas, conforme o tipo de produto considerado. O etanol anidro representa o principal item exportado pelo Brasil aos americanos. No mercado de anidro, os Estados Unidos são nosso principal cliente.
No ano passado, as usinas verde-amarelas despacharam para lá 282,5 milhões de litros do produto. O volume corresponde a 47% do total de 600 milhões de litros de etanol anidro exportados pelo país no ano passado. Com um teor de água de apenas 0,5%, é considerado o etanol “puro”, com aplicações na produção de tintas e solventes, entre outras.
Já o etanol hidratado, com até 5% de teor de água, é o popular biocombustível que abastece a maior parte da frota brasileira de automóveis. Embora o volume total de hidratado vendido a outros países seja bem maior que o da versão pura, com 1,3 bilhão de litros no ano passado, as remessas para os Estados Unidos são bastante modestas. Em 2024, os americanos compraram apenas 27,2 milhões de litros, o correspondente a quase 3% do total.
Nesse mercado, a grande cliente do Brasil é a Coreia do Sul. Em 2024, o país comprou 795 milhões de litros de etanol hidratado. O volume representou 61% do total exportado pelas nossas usinas. Todos dados são da Unica, a entidade que reúne as usinas produtoras de açúcar e álcool.
Trump cita etanol brasileiro em ato de tarifa recíproca
O etanol brasileiro ganhou os holofotes do mundo inteiro nesta quinta-feira 13, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou o produto como um exemplo do que pretende corrigir ao assinar o ato que estabelece as chamadas tarifas recíprocas. O republicano lembrou que, enquanto o produto brasileiro paga apenas 2,5% para entrar no mercado americano, o etanol de milho enviado de lá paga 18% para ser vendido aqui.
As tarifas recíprocas pretendem equiparar as taxas cobradas pelos americanos sobre as importações às que os demais países cobram sobre as exportações dos Estados Unidos. “Queremos nivelar o campo de jogo”, afirmou a jornalistas hoje, após assinar a medida.
O governo americano não forneceu uma data para que as tarifas entrem em vigor. Segundo porta-vozes da Casa Branca, ainda será necessário que a equipe econômica mapeie as disparidades e as reporte a Trump, que decidirá o tamanho e a extensão do ajuste. O republicado acrescentou que o próximo alvo são as barreiras não tarifárias que impeçam a livre entrada de produtos americanos em outros países.