Aos 74 anos, Janet Louise Yellen foi nomeada secretária do Tesouro americano pelo Senado na terça-feira, 26, e faz história como a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto do poder executivo que controla o dólar, a moeda mais importante do mundo. Foram 84 votos a favor de sua nomeação e 15 contra, preocupados com o aumento de impostos e gastos, como o novo pacote de 1,9 trilhão de dólares para combater a crise econômica da Covid-19 pleiteado pelo governo de Joe Biden. Yellen será responsável por pagar os juros dos títulos emitidos no país, impor sanções a outros países e decidir quanto dinheiro será emitido pelo órgão. Além disso, tem a missão de aconselhar o presidente dos Estados Unidos e se tornou a quinta na sua linha de sucessão.
Esta não é a primeira vez que ela abre as portas para as mulheres ocuparem cargos importante nos Estados Unidos e na economia em geral. Yellen foi a primeira chairwoman do Federal Reserve Bank, o banco central americano, posto que ocupou de 2009 a 2017, indicada pelo então presidente Barack Obama. Além disso, inaugurou o posto feminino de presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca em 1997, durante o governo de Bill Clinton. De “reputação ilibada” e “notável saber”, Yellen é Ph.D. em economia pela Yale University e se formou em economia “com as maiores honras” na Brown University. Além de ter sido professora assistente de Harvard, publicou inúmeros textos sobre os impactos dos fatores macroeconômicos e relacionou-os com a criação de empregos.
“Estarei focada desde o primeiro dia em fornecer apoio aos trabalhadores e às pequenas empresas, colocando em prática, de forma mais rápida e eficiente possível, o plano de ajuda que foi aprovado recentemente e, em seguida, trabalhando, com o tempo, para um segundo pacote, o qual eu acho que necessitamos para passar por esses tempos sombrios”, disse ela durante a sabatina do Senado.
A expectativa é que Yellen manterá a política monetária de estímulos para ajudar a recuperar os empregos do país, o que vem sendo defendido pelo democrata Joe Biden e também por Jerome Powell, presidente do Fed. “Ambos são keynesianos e no atual momento a prioridade é a geração de empregos. Para isso, os juros não podem subir e é pouco provável que o dólar se fortaleça”, diz ele. Hoje os EUA possuem cerca de 10 milhões a mais de desempregados em relação ao cenário pré-pandemia.
A política keynesiana é diversa da neoliberal e prega o uso de estímulos governamentais para a economia e a busca da plena geração de empregos. Teorizada após a crise de 1929 pelo britânico John Maynard Keynes, essas medidas foram implementadas para a recuperação da economia dos Estados Unidos durante a Grande Depressão, com sucesso. As linhas do New Deal, utilizadas pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt, eram keynesianas. Para seguir esse ideário, portanto, serão necessários mais estímulos econômicos e amplos auxílios monetários, o que vem ao encontro tanto à vitória democrata em uma verdadeira onda azul quanto aos recentes discursos de Powell.