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Recuperação judicial deve bater recorde em 2025 com juros elevados e inadimplência em alta

Empresas como Bombril, FMU e Vasco já recorreram à proteção em 2025; Invepar, dona do aeroporto de Guarulhos corre para não entrar na lista

Por Ana Paula Ribeiro 8 jul 2025, 12h30

O patamar de juros elevados por um longo período de tempo irá fazer mais algumas vítimas na economia. Os altos custos financeiros devem levar a uma nova leva de pedidos de recuperação judicial (RJ). A  Serasa Experian projeta um novo recorde esse ano, com o número de pedidos superando os 2273 casos de RJ registrados em 2024.

No ano até abril, são 638 pedidos, o que representa uma queda de 6,9% na comparação com igual período de 2025. No entanto,  Camila Abdelmalack, economista-chefe da Serasa Experian, explica que esse recuo é pontual e que a tendência é de alta.

“A economia mais forte no início de 2025 contribui para segurar os pedidos de recuperação judicial nos primeiros meses do ano. Mas conforme a taxa de juros faz efeito na economia, uma das consequências será o aumento desses pedidos”, explica.

A RJ é uma proteção jurídica que as empresas em dificuldade podem solicitar. Por um período, a cobrança de dívidas é suspensa e é negociado um plano de pagamentos aos credores, que inclui descontos e prazos mais longos para acertar os débitos.

Já tiveram que recorrer a essa proteção em 2025 empresas dos mais diferentes setores. A fabricante de produtos de limpeza Bombril, duas subsidiárias da empresa de telecomunicações Oi, a faculdade FMU e até o Vasco, clube de futebol.

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O primeiro fator que justifica a expectativa de uma aceleração dos pedidos é o patamar de juros. A taxa Selic a 15% ao ano não é sentida de maneira imediata na economia, mas com o passar dos meses, mais empresas e pessoas vão restringindo o consumo ou apresentando dificuldade em pagar dívidas já contraídas.

A economia explica que há um segundo indicativo, que é o número recorde de empresas que já estão inadimplentes: 7,7 milhões.

“Quando a inadimplência chega a uma situação insustentável. Os bancos estão mais criteriosos na concessão de crédito e tudo isso leva a RJ. As empresas de setores cíclicos, mais ligadas à economia doméstica, são as que mais sofrem. Devemos ter novo recorde”, diz.

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A Corporate Consulting,  consultoria especializada na reestruturação de empresas, calcula que o número de RJs pode chegar a 2400 casos

Luiz Alberto Paiva, fundador da consultoria, explica que as empresas fazem isso para ter fôlego e recuperar a capacidade financeira.

“Caminhamos para níveis que começam a ficar estatisticamente alarmantes, uma vez que a crise de liquidez vem agravando a cada mês, retirando emprego e capacidade de consumo na economia”, diz.

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A RJ não é uma saída confortável para uma empresa, uma vez que muitas vezes significa ter a porta fechada diante os credores. Para evitar isso, as companhias tentam uma série de negociações.

É o que tem feito a Invepar, dona do aeroporto de Guarulhos, de rodovias e da linha Amarela do metrô do Rio. A companhia vem fazendo uso de um mecanismo chamado “standstill”, que serve para prorrogar a data de vencimento de dívidas. O limite agora é dia 17 de julho. A ideia é que até lá seja possível fechar um acordo com credores. A empresa de infraestrutura é assessoria pela BR Partners, que não quis comentar o assunto.

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