Relator da Previdência diz que não sente pressão por declarações de Guedes
“Quem manda no cargo do Paulo Guedes é ele e o presidente”, afirmou o relator sobre a fala do ministro de que pedirá demissão caso reforma não passe
O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou nesta sexta-feira, 24, que não se sente pressionado pelas recentes declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou em entrevista exclusiva a VEJA que irá renunciar ao cargo, caso a proposta oferecida pelo governo vire uma “reforminha”.
O deputado argumentou que o Legislativo e o Executivo são Poderes independentes, em linha com o discurso adotado por parlamentares nas últimas semanas tendo o protagonismo do Parlamento e o descolamento de sua atuação do governo como foco.
“Sinceramente, eu não me sinto nem um pouco pressionado”, disse o relator. “Acho que é uma conversa dele como governo. Para nós, não altera nada”, afirmou, acrescentando que o texto terá mudanças, mas respeitará a estimativa de economia de 1 trilhão de reais em 10 anos. “Nós sempre tivemos a meta de mais de 1 tri por convicção”, garantiu, dizendo ainda que a fala do ministro não influencia “em nada” nessa meta.
“Estamos tranquilos e firmes nesse processo”, disse, acrescentando que “quem manda no cargo do Paulo Guedes é ele e o presidente da República”. O presidente da comissão especial que analisa a reforma já havia adiantado, na semana passada, que será apresentado um texto substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Guedes negou, em entrevista publicada no site da revista Veja nesta sexta-feira, ser irresponsável ou inconsequente, e que não iria embora no dia seguinte. “Agora, posso perfeitamente dizer assim: ‘Olha, já fiz o que tinha de ter sido feito. Não estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar problemas, mas não dá para permanecer no cargo’. Se só eu quero a reforma, vou embora para casa”, disse Guedes na entrevista.
Mais tarde, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que nenhum de seus ministros é obrigado a permanecer no cargo, mas fez uma defesa da necessidade da reforma previdenciária e disse concordar com Guedes que o país viverá um caos econômico se não for aprovado um texto muito próximo ao que o governo enviou ao Congresso.