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Relatório de emprego aumenta pressão por resposta do Fed

O resultado fraco de outubro coloca em dúvida a expectativa de um “pouso suave” da economia e aumenta a pressão sobre o banco americano

Por Luana Zanobia 1 nov 2024, 12h14
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  • O mercado de trabalho dos Estados Unidos apresentou sinais de enfraquecimento em outubro, com a criação de apenas 12 mil vagas fora do setor agrícola, de acordo com o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta sexta-feira, 1º de novembro. O número ficou bem abaixo das expectativas de 113 mil postos previstos por analistas, gerando preocupações sobre o futuro da economia americana. Em setembro, o país registrou a criação de 254 mil vagas, consolidando a percepção de que a economia estava conseguindo desacelerar a inflação sem prejudicar a atividade econômica.

    O cenário de um mercado de trabalho ainda robusto, aliado à desaceleração da inflação, permitiu ao banco central americano, o Federal Reserve (Fed), reduzir a taxa de juros em 0,5 ponto percentual em novembro.

    Agora, o resultado fraco de outubro coloca em dúvida a expectativa de um “pouso suave” da economia e aumenta a pressão para a próxima reunião do Fed, marcada para quinta-feira, 7 de novembro.

    “O payroll muito abaixo do esperado sugere que o mercado de trabalho pode estar desacelerando mais rapidamente do que o Fed gostaria”, observa Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.

    Segundo Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, uma análise mais profunda sobre os números sugere que existe um mercado de trabalho em desaceleração. “A previsão consensual de um aumento de 113 mil nas folhas de pagamento já levava em conta o efeito do furacão, portanto a significativa surpresa negativa indica uma fraqueza subjacente”, avalia.

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    A discrepância entre a previsão e a realidade foi parcialmente atribuída aos furacões Helene e Milton, que atingiram estados do sul, como a Flórida. Ainda assim, o impacto dessas catástrofes já havia sido considerado nas projeções de mercado.

    Antes do relatório, havia dúvidas sobre a continuidade dos cortes pelo Fed após a redução de 0,5 ponto percentual em setembro, ou se o banco central optaria por manter as taxas estáveis, diante de uma inflação ainda persistente. No entanto, os dados mais recentes indicam uma desaceleração nos preços. Tanto o Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE) trimestral quanto o mensal registraram uma queda no ritmo inflacionário, criando condições para o Fed avançar com a flexibilização monetária.

    Há um mês, aproximadamente 63,2% do mercado apostava em um corte de 0,25 ponto percentual. Agora, essa expectativa se tornou quase unânime, com 99,7% acreditando que o Fed optará por esse corte na próxima reunião. Apenas 0,3% ainda aposta em um movimento mais agressivo, de 0,5 ponto percentual. O consenso, no entanto, é claro: o Fed certamente reduzirá a taxa, descartando a possibilidade de mantê-la no nível atual. Isso ocorre porque o mercado de trabalho começa a mostrar sinais de enfraquecimento, exigindo estímulos. No entanto, o Fed deve adotar uma abordagem cautelosa, preferindo cortes graduais e de menor magnitude para evitar um ressurgimento da inflação.

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    “O Fed deve persistir com o seu ciclo de flexibilização. Um corte de 25 pontos-base em novembro e dezembro está previsto“, diz Shah.

    Apesar da desaceleração da inflação nos Estados Unidos, ainda há preocupações em relação ao cenário global, marcado por conflitos internacionais e a recente eleição presidencial, que definirá o novo líder do país neste fim de semana. Esses fatores podem desencadear uma nova pressão inflacionária. Ambos os candidatos defendem propostas que geram receios sobre a alta dos preços: a candidata democrata Kamala Harris, com seu foco em ampliação dos gastos sociais, e o candidato republicano Donald Trump, com seu discurso de maior protecionismo econômico.

    O panorama do mercado de trabalho americano, no entanto, tem se mostrado inconsistente. O relatório JOLTS, que monitora a relação entre oferta e demanda de mão de obra, indicou uma ligeira queda em relação ao esperado, sugerindo que o equilíbrio entre vagas abertas e pessoas procurando emprego está se aproximando. Por outro lado, o relatório ADP, que mede a criação de empregos no setor privado, superou as expectativas, com mais de 200 mil vagas geradas, o dobro do previsto.

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    Essa divergência entre os indicadores torna ainda mais complexa a tarefa do Fed. Os mercados financeiros estão atentos às próximas ações do banco, com alguns especialistas prevendo que, a depender dos próximos dados, o Fed pode avaliar cortes mais agressivos. “Acredito que, após a decisão da semana que vem, o Fed possa até pensar em aumentar o ritmo dos cortes nas próximas reuniões”, afirma Rodrigo Cohen, cofundador da Escola de Investimentos.

    Diante desse cenário, o dilema entre promover crescimento econômico e manter a inflação sob controle continuará a moldar as decisões econômicas em Washington nos próximos meses.

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