Em um evento reservado a convidados, David Canassa, diretor executivo da Reservas Votorantim, uma instituição criada pelo grupo de mesmo nome para gerir seus ativos ambientais, e o executivo Charbel Bouez, da empresa americana International Fragrances & Fragrances (IFF), apresentaram ontem, durante a Climate Week NYC, a parceria recém-firmada para bioprospecção de espécies da flora com potencial de uso na perfumaria. Profissionais dos dois times se conheceram há três anos, no mesmo evento de Nova York, e iniciaram as conversas que deram origem a esse trabalho conjunto.

Ainda sem estabelecer um modelo comercial, a ideia é examinar juntos a natureza do Legado das Águas, uma reserva de 31 mil hectares de Mata Atlântica da Votorantim criada em 2012 no interior de São Paulo. A IFF trabalha em outros países com propostas semelhantes. Bouez mostrou ao público dois aromas distintos que a empresa extrai da curcuma e de sua folha por meio de uma parceria com agricultores na Índia.

“A bioprospecção é o estágio do quebra-cabeça que há dentro da floresta e uma grande fronteira que precisa ser aberta. Pouca gente faz isso no Brasil”, diz Canassa a VEJA. A princípio, seu time pensou em soluções medicinais e outras ligadas à beleza. “Escolhemos começar com a cadeia dos perfumes, já que o tempo de desenvolvimento de uma fragrância é mais curto do que o de remédios.”

Canassa ressalta que a Votorantim tinha enormes áreas conservadas sem ser aproveitadas diretamente para atividades produtivas. “Ninguém sabia o que havia nessas áreas porque há pouca pesquisa em florestas brasileiras. Na Amazônia, há um pouco mais, já que os olhos do mundo estão voltados naquela direção”, ele afirma. “Mas hoje há raros ‘heróis pesquisadores’ na Caatinga, no Cerrado e na Mata Atlântica. Por isso, nossa prioridade foi engajar pesquisadores em trabalhos de longo prazo para entender o que há em cada um deles.”

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