ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Risco geopolítico dispara no radar das mineradoras, segundo a consultoria EY

Já no Brasil, as mineradoras apontam o aumento de custos e de produtividade como sua maior preocupação neste ano

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 mar 2025, 18h18 - Publicado em 13 mar 2025, 18h14

Os riscos geopolíticos dispararam no radar das empresas de mineração neste ano, refletindo as turbulências internacionais em diversas regiões do globo. A constatação é da pesquisa “Top 10 business risks and opportunities for mining and metals”. Trata-se de um estudo realizado anualmente pela consultoria EY com executivos da cúpula das principais mineradoras do mundo. Na edição de 2025, publicada nesta quinta-feira 13, os riscos geopolíticos surgem em terceiro lugar, o que corresponde a um salto de quatro posições em relação à pesquisa de 2024.

“Mais governos estão priorizando a autossuficiência em setores estratégicos, como a mineração, para reforçar a segurança nacional”, afirma o estudo da EY. Entre os exemplos citados pela consultoria, estão a decisão do Japão de subsidiar mais da metade dos custos de produção de minerais críticos, e o anúncio da Arábia Saudita de destinar 182 milhões de dólares a incentivos à mineração.

“O abastecimento mundial de minerais e metais estratégicos é altamente concentrada, criando complexidade geopolítica e enfatizando a importância das cadeias de fornecimento transparentes”, afirma a EY. A transparência é ainda mais necessária, diante do ressurgimento de um viés nacionalista em diversos países, como o movimento “Make America Great Again” promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou à Casa Branca no último dia 20 de janeiro. Duas consequências do nacionalismo são a imposição de sobretaxas e o recrudescimento da guerra comercial entre diversos países.

O aumento de tarifas de importação não é a única ferramenta à disposição, já que os governos podem recorrer a mudanças na legislação para limitar ou acelerar as atividades de mineradoras estrangeiras, seja em seu próprio território, seja impondo restrições não-tarifárias às importações. “Nos próximos doze meses, as políticas e regulamentações dos novos governantes provavelmente vão acelerar as incertezas geopolíticas”, diz o estudo.

Na outra ponta, as preocupações e oportunidades geradas pela inovação apresentaram a maior queda em 2025, na comparação com a edição do ano passado. Esse tópico desceu cinco posições no ranking, ocupando agora a última posição entre os dez maiores riscos e oportunidades do setor de mineração.

Continua após a publicidade

Isso não significa, necessariamente, que as empresas investirão menos em inovação nos próximos doze meses. A EY explica que 54% das empresas consultadas pretendem realizar grandes investimentos nessa área, sendo que 15% dos participantes informaram que a verba para inovação será, pelo menos, 20% maior que a de 2024. “Mas muito do foco permanece sobre áreas de baixo risco”, diz a pesquisa, que cita que 45% dos executivos ouvidos disseram que os esforços de inovação serão concentrados em melhorias de processo e em fontes alternativas de energia.

No Brasil, as mineradoras priorizaram outros riscos e oportunidades. No topo da lista das brasileiras, está a preocupação com aumentos de custos e de produtividade. Na pesquisa global, esse item aparece em sexto lugar. Segundo a EY, a disparada do dólar no ano passado, que acumulou uma alta de 27% frente ao real, e a inflação em alta pesam sobre os custos da companhias locais. Com isso, obter ganhos de produtividade é questão de sobrevivência. “A cada tonelada de minério retirada da terra, a próxima tonelada extraída será mais cara, mais funda e com a necessidade de mais processamento”, afirma Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY Brasil.

A questão fica ainda mais difícil, diante da redução dos teores de minério nas minas em atividade. Assim, para manter a produção, os custos de extração sobem. Não é por acaso, portanto, que a segunda maior preocupação das empresas brasileiras é o esgotamento das reservas. No ranking global, a maior preocupação das mineradoras em 2025 é a gestão de capital. A gestão ambiental vem em segundo lugar, e o esgotamento de jazidas, em quarto. Apesar da alta dos juros promovida pelo Banco Central, os custos de capital ocupam apenas a sexta posição na lista de preocupações e riscos das empresas brasileiras. Em parte, isso é explicado pelo fato de as grandes mineradoras nacionais terem acesso ao mercado internacional de capitais, podendo captar recursos mais baratos que os disponíveis por aqui.

A pesquisa da EY ouviu 353 executivos de grandes mineradoras em todo o mundo, com faturamento anual acima de 1 bilhão de dólares. Presidentes, vice-presidentes e diretores-executivos representaram 35% da mostra.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.