Rui Costa desautoriza Lupi e nega nova reforma da Previdência
Titular da Previdência anunciou comissão para rever mudanças na aposentadoria; Costa negou proposta e diz que tudo passará por Lula e Casa Civil
A dissonância de vozes na primeira semana do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já levou ao menos um ministro a ser desautorizado. Nesta quarta-feira, 4, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo não tem estudos para apresentar uma nova reforma da Previdência que altere a aprovada em 2019, no governo Bolsonaro. A fala do ministro contraria o anunciado por Carlos Lupi, que, ao tomar posse do Ministério da Previdência, na véspera, anunciou a formação de uma comissão para reanalisar as mudanças previdenciárias.
“Não há nenhuma proposta sendo analisada e pensada neste momento para revisão de reforma, seja previdenciária ou outra. Neste momento não tem nada sendo elaborado”, afirmou a jornalistas, após a cerimônia de transmissão de cargo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Segundo Rui Costa, qualquer proposta precisa passar antes pelo presidente da República, e consequentemente pela Casa Civil. “Qualquer proposta só será encaminhada depois da aprovação do presidente da República. Ele acabou de me dizer e disse que eu poderia explicitar que qualquer proposta passará necessariamente pela Casa Civil antes da sua análise”, afirmou.
Na terça-feira 3, o ministro da Previdência anunciou a criação de uma comissão com representantes de sindicatos de empregados, aposentados, patronais e o governo para discutir o que chamou de “antirreforma” da Previdência. Além da repreensão pública nesta quarta, as falas de Lupi também causaram aversão no mercado financeiro. Após o anúncio de Lupi, a bolsa recuou 2% e o dólar disparou quase o mesmo porcentual. Por volta das 16h desta quarta, a bolsa apresentou recuperação, com alta de 1,28% e o dólar opera estável, em 5,44 reais.
Enquanto a equipe econômica do governo tenta fazer um esforço para demonstrar foco em ajuste de contas, como a prioridade na reforma tributária repetida tanto por Haddad quanto por Alckmin, os ministros de pastas mais técnicas sinalizaram na direção contrária. Além da reforma da Previdência mencionada por Lupi, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também anunciou a revisão de pontos da reforma trabalhista.
Com as vozes dissonantes e a necessidade de rever mal entendidos logo no começo da gestão, o presidente Lula marcou uma reunião com os 37 ministros para a sexta-feira, para reforçar que tudo deve passar pela Presidência antes de qualquer anúncio.