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Rússia e Arábia Saudita selam acordo para reduzir produção de petróleo

Expectativa era de que o entendimento entre os países animasse o mercado financeiro e promovesse a alta dos preços da commodity; não foi o que aconteceu

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 abr 2020, 18h58

Depois de semanas de tensão que trouxeram imensa volatilidade ao mercado de petróleo, dois dos três maiores produtores da commodity no mundo chegaram a um acordo: Rússia e Arábia Saudita, além dos outros países integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), vão cortar suas produções em 10 milhões de barris por dia. Durante toda esta quinta-feira, 9, produtores desses países tentavam bater o martelo sobre um acordo para responder ao excesso de oferta em meio a uma queda de 30% na demanda por combustíveis em todo o mundo. No entanto, quem esperava que tal acordo fosse animar os mercados, frustrou-se. O entendimento é que mesmo um corte de tamanha magnitude manteria milhões de barris encalhados, pressionando ainda mais as cotações.

Assim, os preços do petróleo tiveram forte queda nesta quinta e devolveram os ganhos de 10% que acumulou no início da sessão. Os investidores simplesmente estão questionando se o acordo entre Opep e aliados para cortes de oferta responderia adequadamente ao colapso global da demanda por combustíveis causado pela pandemia de coronavírus. “O colapso nos preços do petróleo é um resultado da realidade de que embora a Opep esteja cortando conforme esperado, simplesmente há petróleo de mais no espaço físico para venda, com poucos oleodutos para transportá-lo e pouquíssimos compradores para recebê-lo”, disse Scott Shelton, especialista em energia da United ICAP.

A Opep e seus aliados, incluindo a Rússia, um grupo conhecido como Opep+, considerou cortes de até 15 milhões a 20 milhões de bpd, ou de 15% a 20% das ofertas globais. No entanto, o ministro do Petróleo do Irã disse que um corte de produção de 10 milhões de barris por dia valeria apenas para maio e junho de 2020. Entre julho e o final de 2020, os cortes seriam de 8 milhões de barris, e a partir do próximo ano cairiam para 6 milhões de barris, segundo ele. “O mercado precificou muita expectativa nos últimos dias”, afirmou John Kilduff, sócio do fundo de hedge Again Capital.

No escalonamento que foi construído na reunião, Arábia Saudita será o país que abrirá mão de maior parte da produção: 3,3 milhões de barris — um quarto de sua produção média diária em 2019. Já a Rússia reduzirá a produção em 2 milhões de barris — pouco menos de um quinto de sua média no ano passado. Há a expectativa de que os Estados Unidos e o Canadá também entrem no acordo e cortem a produção em 5 milhões. No Brasil, que também está de fora da Opep, a produção diária foi reduzida em 500 mil barris por dia, um quinto do que foi extraído em média no ano passado.

Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 1,36 dólar, ou 4,1%, a 31,48 dólares por barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos recuou 2,33 dólares, ou 9,3%, para 22,76 dólares o barril. Esses foram os menores níveis de fechamento para ambos os contratos em uma semana.

(Com Reuters)

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