Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Salário mínimo entra na mira do governo nas negociações do pacote de ajuste fiscal

A revisão da atual regra de correção do mínimo poderia economizar cerca de R$ 11 bilhões entre 2025 e 2026

Por Luana Zanobia Atualizado em 13 nov 2024, 20h16 - Publicado em 13 nov 2024, 15h27

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um dilema com suas promessas de campanha: equilibrar as contas públicas com a política de reajuste do salário mínimo. Por um lado, Lula tem na valorização do mínimo uma de suas bandeiras históricas, essencial para a sua agenda social. Por outro, a realidade fiscal do Brasil impõe restrições duras, com o mercado pressionando por um compromisso mais sólido e crível com a sustentabilidade das contas públicas, especialmente após a implementação do novo arcabouço fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está em uma missão ingrata: apresentar um pacote de cortes de gastos que equilibre as contas públicas, ao mesmo tempo em que tenta não ferir os pilares sociais do governo. No coração desse debate está a política de reajuste do salário mínimo, um tema sensível tanto do ponto de vista econômico quanto político. Haddad sabe que, para manter a credibilidade do arcabouço fiscal, medidas drásticas são necessárias, e a equipe econômica já estima que a revisão da atual regra de correção do mínimo poderia economizar cerca de R$ 11 bilhões entre 2025 e 2026.

Atualmente, o salário mínimo no Brasil é corrigido anualmente com base na inflação, medida pelo INPC, acrescida da variação do PIB de dois anos anteriores. Essa fórmula é vista como uma forma de assegurar que o poder de compra do trabalhador de base não seja corroído pela inflação, enquanto se aproveita dos momentos de crescimento econômico para conceder aumentos reais. A proposta em estudo, porém, coloca um teto no aumento real do mínimo, fixado em 2,5%, trazendo o benefício dentro das limitações impostas pelo arcabouço fiscal.

Esse dilema coloca o presidente Lula em uma encruzilhada. Nos bastidores, há sinais de desconforto no governo. A retórica de campanha de Lula sempre foi clara em defender os trabalhadores e promover o aumento do salário mínimo acima da inflação. No entanto, para Haddad, a manutenção desse compromisso sem adaptações poderia ampliar o déficit público, projetado em R$ 50 bilhões para este ano. O Brasil já enfrenta um cenário fiscal delicado, e a capacidade do governo de equilibrar as contas será fundamental para manter a confiança dos investidores e evitar pressões inflacionárias.

O que está em jogo não é apenas a economia de bilhões de reais, mas a própria identidade do governo Lula. Um recuo na política de valorização do salário mínimo poderia ser visto como uma traição às suas bases eleitorais e à sua promessa de um governo focado na justiça social. Por outro lado, manter o reajuste sem adaptações poderia minar a capacidade do governo de entregar um orçamento equilibrado, colocando em risco a estabilidade econômica.

A decisão final, esperada para os próximos dias, caberá ao próprio Lula. A pressão de alas progressistas do governo para manter os aumentos do salário mínimo é alta, mas o presidente está ciente de que não há mais espaço para aventuras fiscais. Enquanto o mercado aguarda ansiosamente um compromisso mais claro com o ajuste fiscal, o governo se vê na difícil posição de ter que escolher entre sua base de apoio e a necessidade de demonstrar responsabilidade com as contas públicas.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.