O Campeonato Francês, chamado de Ligue 1, está encontrando dificuldades para encontrar interessados pelos direitos de transmissão doméstica da competição. O pedido dos organizadores é, de fato, alto: 800 milhões de euros para o período de 2024 a 2029. São cinco lotes disponíveis.
As plataformas e detentoras de redes de televisão consideraram os valores muito acima do esperado, mas as negociação continuam. O Canal+, principal parceiro da Ligue 1 nas últimas década, Amazon e o grupo de comunicação espanhol Mediapro surgem como principais interessados. O temor do mercado europeu quanto a capacidade de geração de receita dos jogos televisionados acende um alerta no Brasil, em meio as negociações dos clubes pela criação de uma nova liga, à parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Várias empresas de mídia já chegaram ao seu teto, como ficou claro agora na França. Mas a Itália também passa por um processo de venda dos direitos de transmissão que se alonga mais do que o esperado e a Premier League está fazendo mudança no formato da próxima venda, já antevendo essas dificuldades que o mercado apresenta”, diz Eduardo Carlezzo, sócio do escritório Carlezzo Advogados e especialista em direito desportivo.
O Campeonato Francês oferece duas modalidades para a aquisição dos direitos para o mercado interno: um lote de três partidas, no valor de 530 milhões de euros, e um segundo com seis jogos, avaliado em 270 milhões de euros. Com a venda dos direitos de transmissão no exterior, a organização espera atingir 1 bilhão de euros em arrecadação. “Quando olhamos para o mercado brasileiro a situação é preocupante. O fato de ainda não haver uma liga e a inexistência de negociação conjunta dos direitos já beira ao inacreditável”, diz o especialista.
O futebol brasileiro mudará a partir de 2025. Libra e Forte Futebol, grupos formados por dirigentes com a intenção declarada de formar a liga de clubes, caminham separados e podem chegar a um desfecho em que haverá não uma liga de fato, mas blocos que negociarão direitos comerciais relacionados ao Campeonato Brasileiro. “Além de deixarem muito dinheiro na mesa, fatiar o produto Brasileirão em dois é um desserviço e afasta grandes empresas de mídia do mercado”, completa Carlezzo.