Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Senado aprova pacote de R$ 120 bi para socorro de Estados e municípios

Ajuda envolve R$ 60 bi em suspensão de pagamento de dívidas, já garantido pelo STF, e igual valor em recursos aos entes afetados pela queda de arrecadação

Por Da Redação
Atualizado em 3 Maio 2020, 08h06 - Publicado em 2 Maio 2020, 23h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Senado aprovou neste sábado, 2, projeto de lei de ajuda da União de 120 bilhões de reais para Estados e Municípios. Controverso, o texto inclui a suspensão de 60 bilhões de reais em pagamentos de dívidas desses entes, que já havia sido determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para 19 Estados e o total a ser economizado com o adiamento de reajustes salariais para funcionários públicos. A rigor, o auxílio direto aos governos estaduais para repor perdas de arrecadação de ICMS e ISS será de 60 bilhões de reais.

    O projeto foi debatido remotamente, uma vez que os senadores não puderam se reunir no plenário por causa da pandemia de coronavírus. Foram 79 votos a favor e um  contra – proclamados às 11h08, depois de seis horas de apreciação da Casa. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou antes da votação que os parlamentares chegaram a uma “encruzilhada” e “viveram em clima muito tenso” com a aprovação do texto original pela Câmara dos Deputados. “Confesso que ouvi de muitos senadores que este seria um grande desafio”, afirmou, ao qualificar a sessão como histórica.

    O texto vindo da Câmara foi profundamente alterado em um acordo entre Alcolumbre e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na sexta-feira 1, os secretários estaduais de Fazenda fizeram ligações e convocações imediatas de reuniões com seus assessores assim que surgiram os burburinhos sobre o pacto. Em um primeiro momento, nenhum deles entendeu muito bem o critério de distribuição do auxílio. Tanto que, apesar de o resumo escrito por Alcolumbre rodar pelos aplicativos de mensagem da classe política desde as 16h de sexta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, só recorreu ao Twitter no começo da noite. E para reclamar.

    “A modificação proposta pelo Senado no projeto de ajuda aos Estados e Municípios não atende a reposição da perda de arrecadação. A proposta desprezou o ponto fundamental do projeto original. Sem isso, não haverá recursos para saúde, segurança, educação e pagamento dos servidores”, postou o governador paulista.

    O presidente do Senado e o ministro da Economia costuraram um meio-termo entre as propostas aprovadas pela Câmara dos Deputados, que previa o desembolso de 86,9 bilhões de reais para recompor as perdas de arrecadação de ICMS, para os estados, e de ISS para os municípios. Guedes torceu o nariz. Como o texto idealizado pelos deputados não colocava entraves, ele temia que o projeto virasse um “cheque em branco” para os governadores. Sua equipe, em contrapartida, desenhou um projeto substitutivo, de transferência direta de 40 bilhões de reais — o que, como mostra VEJA, não seria suficiente para contribuir de fato com a saúde fiscal dos entes federativos.

    Continua após a publicidade

    Guedes, então, procurou Alcolumbre para alinhar os ponteiros e costurar um projeto bom para governadores e para a União. O texto engendrado pelos dois prevê o repasse de 60 bilhões de reais em transferência direta para as contas das Prefeituras e dos Estados. Desse montante, 10 bilhões serão transferidos diretamente para os sistemas municipais e estaduais de saúde para o combate ao coronavírus nos hospitais. Além dossi, prevê a suspensão do pagamento das dívidas, que somam outros 60 bilhões, que já estava garantida por decisão do STF.

    Como contrapartida, foi inserido no texto — de relatoria do próprio Alcolumbre — a prerrogativa de suspender o aumento de salários para funcionários públicos federais, estaduais e municipais por 18 meses. Nas contas de Guedes, a medida representa uma economia de 120 bilhões de reais no período.

    O estado que deverá receber o maior montante é São Paulo, com 5,5 bilhões de reais, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, que terão 2,4 bilhões de reais e 1,6 bilhões de reais, respectivamente. O Rio Grande do Sul vem em seguida, com 1,6 bilhão de reais. Nos bastidores, a repartição foi malvista pelos governadores do Norte e do Nordeste, que interpretam que os estados com menor dependência do Governo Federal – em condições normais, evidentemente – serão mais beneficiados.

    Os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são mais autossuficientes pela arrecadação de impostos, enquanto os nortistas e nordestinos necessitam de mais repasses da União para fechar as contas. O projeto, teoricamente, leva em consideração a parcela dos repasses para fundos dos estados, a participação dos entes nas transferências previstas pela Lei Kandir e a população total. Mas não inclui a queda de arrecadação prevista nem a situação de saúde pública, o que incomodou os governadores.

    Continua após a publicidade

    As lideranças dos estados reclamam dos critérios confusos e também por não terem sido consultados pelo ministro da Economia e pelo presidente do Senado para a consolidação do projeto. “Para nós, os valores são insuficientes. Só em abril, quando ainda houve reflexo de março e os comércios funcionavam no começo do mês, perdemos mais de 600 milhões de reais em arrecadação. Maio e junho serão meses piores”, projeta o secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho. “Está muito abaixo das necessidades dos estados, e isso provocará reflexos em longo prazo no crescimento do país”, projeta.

    Como foi alterado, o projeto de lei deverá retornar para a Câmara dos Deputados, onde a votação está prevista para a próxima semana. A expectativa é de aprovação pelos deputados e de liberação da primeira parcela da ajuda aos estados e Municípios em meados do mês.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

    a partir de 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.