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Setor de serviços tem primeira alta no país desde o início da pandemia

PMI foi de 50,4 em setembro, recuperação positiva mas que pode levar ao aumento da inflação; nos EUA, o índice foi de 54,6, leve baixa em relação à agosto

Por Luisa Purchio 5 out 2020, 12h57

Desde o início da pandemia da Covid-19, o setor de serviços vinha em queda e, após seis meses de baixa, apresentou aumento pela primeira vez. A alta de setembro foi registrada pelo PMI Serviços da consultoria inglesa IHS Markit. O índice, divulgado nesta segunda-feira, ficou em 50,4 no mês de setembro, ante 49,5 em agosto – quando está acima de 50, significa que o setor está em expansão. Um dos principais motivos da alta apontados pelas empresas com maior expansão está o afrouxamento do isolamento social e a reabertura dos estabelecimentos. O setor de serviços é que tem maior peso no PIB nacional.

Apesar da expansão, algumas empresas alegaram que ainda sofrem com a baixa procura pelos serviços e alto desemprego, tendo assim de encerrar contratos. Apesar da boa notícia, ela pode trazer consigo um efeito colateral que deve ser monitorado de perto: a inflação, que vem sendo relativamente controlada principalmente devido à dificuldade de retomada do setor de serviços e o fato de ele não repassar os seus custos para o consumidor.

De acordo com a IHS Markit, o custo das empresas aumentou bastante ao longo do ano, pressionado principalmente devido à alta inflação, a mais significativa em praticamente quatro anos. Entre os mais altos estão energia elétrica, alimentação, combustível, materiais de higiene e EPIs. As empresas brasileiras ouvidas pela pesquisa, já impactadas pelo desemprego e a diminuição da renda da população, optaram por não repassar os custos aos clientes, o que prejudicou os negócios e elevou a taxa de demissões. Apesar da redução no número de postos de trabalho, ela é a mais baixa desde março. Outra questão apontada pela pesquisa é o atraso nos pedidos, o maior desde março de 2007. “Os dados de PMI de setembro destacaram sinais hesitantes de uma recuperação no setor de serviços do Brasil, após seis meses consecutivos de contração devido à pandemia da Covid-19. É agradável ver um novo aumento na atividade de negócios, mesmo que muito pequeno, e aumentos consecutivos nas entradas de novos negócios”, disse Pollyanna De Lima, diretora econômica da IHS Markit.

Além disso, o setor privado teve um aumento pelo segundo mês consecutivo, incentivado pelo crescimento da produção industrial e a recente expansão do setor de serviços. O Índice Consolidado de dados de Produção em setembro, uma média entre os índices comparáveis para o setor industrial e o de serviços, foi de 53,6, ante 53,9 em agosto. Houve um crescimento evidente nos novos negócios agregados. O crescimento do emprego na área da indústria de produção foi diferente do setor de serviços e se expandiu. A inflação no setor privado também foi alta, a terceira maior desde março de 2007, e aumento recorde nos preços de fábrica.

Recuperação mundial

Nos Estados Unidos, o setor de serviços se recupera mais rapidamente que no Brasil. Dados divulgados hoje mostraram que o PMI de serviços nos Estados Unidos em setembro foi de 54,6, ligeiramente abaixo dos 55 registrados no mês anterior, mas ainda assim uma recuperação forte. Os novos negócios foram os principais responsáveis por essa recuperação, com aumento da demanda de clientes estrangeiros, a segunda maior desde o início da série histórica, há seis anos. Essa alta impactou nos empregos, que teve crescimento significativo. Nos Estados Unidos o custo também aumentou, principalmente de salários, equipamentos e EPIS, mas foram repassados aos clientes. Para os próximos 12 meses, a expectativa em relação à produção americana caiu, devido à preocupação que a pandemia da Covid-19 prejudique a demanda futura.

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Já em relação ao índice composto, nos Estados Unidos ele ficou em 54,3, ligeiramente abaixo do índice de 54,6 registrado em agosto. A indústria de manufatura teve o crescimento mais rápido dos últimos 10 meses, junto com o aumento do setor de serviços, que teve a maior alta de demanda do cliente desde março de 2019. Ambos os setores, portanto, tiveram aumento na força de trabalho. Vale destacar que o índice de confiança dos empresários caiu para o menor nível em quatro meses devido à proximidade das eleições presidenciais americanas e o risco de novas ondas de Covid-19. “O sentimento sobre as perspectivas para o próximo ano escureceu significativamente, ligado às crescentes preocupações”, disse Chris Williamson, economista chefe da IHS Markit.

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