Setores público e privado mostram-se mais alinhados em melhorar a infraestrutura
A conjunção há muito esperada tem como resultado um pico de investimento e perspectiva de vir mais

O Brasil tem uma tradição de espasmos em investimentos em infraestrutura. Ao longo de nossa história, períodos de avanço se alternaram com a escassez de obras e projetos, muitas vezes por incapacidade do Estado. O setor privado contribuiu quando autorizado a investir. A construção de ferrovias e a instalação de redes elétricas no fim do século XIX e início do XX são exemplos. Mas é possível lembrar o prolongado marasmo que ocorreu na telefonia, com defasagem de tecnologia e mau atendimento aos consumidores, quando o setor estava todo em mãos estatais — uma página que foi virada pelo governo Fernando Henrique nos anos 1990.
Felizmente, desde então houve um paulatino progresso, com a Lei de Concessões, criada há trinta anos, seguida pela Lei de PPPs. Tais marcos e uma visão menos avessa ao capital nos governos permitiram alcançar um pico no investimento em infraestrutura nos últimos anos — foram 260 bilhões de reais em 2024 e há uma carteira de mais 750 bilhões pela frente. O ciclo virtuoso e a necessidade de atualizar as regulações para fazer a boa fase perdurar são assuntos da reportagem “No trilho certo” (pág. 18). Foram também parte do programa do VEJA Fórum Infraestrutura, realizado em São Paulo, no dia 18 de agosto, reunindo autoridades, executivos e especialistas do setor. No mesmo campo, esta edição traz uma entrevista (“Direto ao Ponto”, pág. 11) com Radamés Casseb, presidente da Aegea, a maior operadora privada do país em saneamento, uma das áreas que tomaram impulso recentemente.
O superciclo atual é uma ótima notícia, mas é insuficiente: o Brasil investiu no ano passado 2,3% do PIB em infraestrutura, quando deveria aportar ao menos o dobro. É preciso fazer muito mais, portanto, e o alinhamento que se vê é um alento para isso.
Publicado em VEJA, agosto de 2025, edição VEJA Negócios nº 17