Silvio Costa Filho critica ‘nós contra eles’ e diz que governo não tem preconceito com o setor privado
Ministro de Portos e Aeroportos lamentou distanciamento entre o Congresso e a sociedade
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, defendeu o debate técnico acerca do desenvolvimento da economia brasileira em meio ao acirramento de disputas narrativas entre oposição e governistas. “A gente está cansado desse divisionismo, dessa disputa permanente entre nós e eles”, disse durante a abertura do Veja Fórum de Infraestrutura, promovido por Veja, nesta segunda-feira, 18, em São Paulo. O embate que ocorre principalmente nas redes sociais não interessa ao povo brasileiro, que está cansado da polarização, segundo o ministro. “Temos o dever pedagógico de participar de fóruns como esse”. Apesar de haver um distanciamento entre o Congresso Nacional e a sociedade brasileira, o membro do primeiro escalão do governo Lula considera que a agenda econômica e regulatória do país avançou consideravelmente nos últimos anos. O ministro citou as reformas trabalhista e da previdência, a autonomia do Banco Central, o marco do saneamento e a reforma tributária entre as conquistas recentes.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contrariando a expectativa de parte do mercado e do setor produtivo, não tem preconceito em relação a parcerias com o setor privado, segundo Costa Filho. “Quando o governo assumiu, alguém me perguntou: ‘mas, Silvio, o governo tem preconceito com quem produz’”, disse ao negar a existência de desconforto com o tema. O chefe da pasta ligada à Infraestrutura do país lembrou que uma série de concessões de rodovias, hidrovias e infraestruturas aéreas e portuárias estão avançando no país. As três prioridades para o Brasil avançar nesse sentido seriam a formulação de mais projetos de concessão, a melhora do ambiente de negócios possibilitada pela reforma tributária e a reforma administrativa ainda pendente no país, avalia o ministro.
Durante a abertura do fórum de Veja, o ministro destacou a concessão de hidrovias que devem acontecer nos próximos anos. A parceria com o setor privado nunca foi explorada nessa área. A redução de custos logísticos promovida pelo transporte hidroviário é de 40% quando comparado ao modal rodoviário, segundo Costa Filho. “O Brasil perdeu muitos anos ao não priorizar uma agenda hidroviária”, disse. Entre os rios abarcados pelo plano de concessão do governo, estão Paraguai, Tocantins, Madeira e São Francisco.
No âmbito do transporte aéreo, também competente ao ministério, Costa Filho defendeu que as companhias aéreas brasileiras comprem mais aviões da Embraer, empresa nacional. “Não tem sentido 50% da aviação dos Estados Unidos utilizar aviões da Boeing (empresa americana); na franca, 40% é Airbus (fabricante francesa); e no Brasil apenas 12% são aviões da Embraer”, disse. O ministro, contudo, pontuou mais cedo que taxa Selic elevada dificulta investimentos em infraestrutura em geral, mas celebrou a expectativa de queda. O política aposta na redução da Selic ainda neste ano. “Juros futuros tendem a cair, o que é fundamental para a agenda de infraestrutura”.