Criticado por vários setores da sociedade, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, negou que tenha a intenção de pedir
demissão. Em comunicado enviado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras informa que Parente permanece no cargo de presidente da companhia.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, também afirmou em entrevista que não há a possibilidade de renúncia de Pedro Parente da presidência da Petrobras. “De forma alguma, não chegou ao meu conhecimento”, afirmou Guardia.
O nome de Parente entrou no centro da crise puxado pela greve dos caminhoneiros, que protestam contra o preço do diesel, que acumula uma alta de mais de 50% desde que a Petrobras alterou sua polícia de reajustes, em julho de 2017. Desde então, o preço do combustível varia de acordo com a cotação do mercado internacional.
No início da crise, Parente disse que a estatal não mudaria sua política de preços. Pressionado, ele propôs aos caminhoneiros um desconto de 10% sobre o preço do diesel por 15 dias. A oferta foi considerada tardia e insuficiente.
O vice-presidente do Senado, senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), chegou a pedir a demissão de Parente por não aceitar rever a política de preços da Petrobras. “Se o Pedro Parente não aceitar rever a política de reajuste, que ele saia da Petrobras ou o presidente da República exerça o mínimo de autoridade. Um governo minimamente sólido já o teria demitido.”
Por outro lado, o mercado não encarou bem o fato de Parente ter cedido ao aceitar reduzir o diesel por 15 dias. Para a agência de classificação de risco Fitch, isso mostra “a capacidade contínua do governo brasileiro de influenciar as políticas e decisões da empresa”.
Parente tentou na quinta-feira convencer o mercado financeiro de que tomou uma decisão “tática” ao congelar e reduzir o preço do óleo diesel em 10%, em resposta ao protesto dos caminhoneiros. Mas não conseguiu e as ações da empresa fecharam na quinta-feira, 24, com recuo de 13,71% (PN) e 14,55% (ON).
A queda fez a petroleira perder 47,2 bilhões de dólares em valor de mercado em apenas um dia, além do posto de empresa mais valiosa da BM&FBovespa, ao ser ultrapassada pela Ambev.
As ações da estatal, que vinham reduzindo a alta lentamente, passaram a cair, renovando as mínimas, movimento que carregou o indicador para novo patamar. A queda do petróleo no exterior, que persiste no início da tarde, penalizou os papéis da petroleira.
Críticas
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), endureceu as críticas ao governo Michel Temer, na tarde desta sexta-feira, depois de o Palácio do Planalto anunciar que irá convocar as forças nacionais de segurança para desbloquear as estradas paralisadas pela greve dos caminhoneiros. Na avaliação do emedebista, a política de preços da Petrobras é responsável pela continuidade do piquete.
“As decisões são do Presidente da República, cabe a ele tomar as decisões e responder por elas. Quem define preços da Petrobras é o Executivo. Nós, do Congresso, só podemos achar, não podemos fazer. Se eu pudesse fazer, já tinha feito. Agora cabe ao Executivo mudar a política de preços da Petrobras. No meu entendimento ela está equivocada”, disse Eunício. “A discussão não é o reoneração (de setores da economia), não houve reinvindicação por parte dos caminhoneiros (nesse sentido). Não é essa a motivação dos caminhoneiros”, disse.
Questionado sobre o que enxergava ser o problema da política de preços da estatal, Eunício respondeu que é importante abrir as planilhas da empresa para “conhecer” o que há por trás dessas medidas. “Tem que abrir a planilha de preços da Petrobras. Terça-feira, 29, vai ter um debate na Câmara de uma comissão geral, com deputados e senadores, para se conhecer o que efetivamente temos nessa chamada planilha de preços da Petrobras”, explicou.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Fitch comenta que considera positiva a política de preços de longo prazo da Petrobras, “já que ela aumentou a previsibilidade do fluxo de caixa e acrescentou transparência aos investidores. A mudança de estratégia também melhorou significativamente a lucratividade da Petrobras, de quando as decisões operacionais eram mais influenciadas pelo governo”
(Com Estadão Conteúdo)