Tarifas de Trump sobre México e Canadá devem encarecer carros nos EUA
Automóveis e peças estão entre principais produtos vendidos pelos dois vizinhos aos Estados Unidos; taxa de 25% sobre importações entrou em vigor na terça-feira

Os automóveis, o meio de locomoção preferido e um dos maiores símbolos tanto da indústria quanto da cultura americanas, devem ser uma das principais vítimas das novas tarifas de importação aplicadas pelo presidente Donald Trump e que entraram em vigor nesta terça-feira 4. Com a primeira medida comercial efetiva da nova gestão, todos os produtos importados pelos Estados Unidos de seus vizinhos México e Canadá, dois de seus maiores parceiros comerciais, passam agora a pagar um adicional de 25% em imposto. O resultado é que os veículos, tanto os importados quanto os fabricados nos EUA, devem também ficar mais caros.
De acordo com dados compilados pela revista britânica The Economist, perto de 3,6 milhões de carros, ou metade de tudo o que os Estados Unidos importam de veículos, vêm anualmente dos dois vizinhos. Só o México responde por 2,5 milhões dessas unidades. Japão, sede da Nissan, Alemanha, berço da Volkswagen, e, mais recentemente, Coreia do Sul, dona da Hyundai, são as principais origens dos demais automóveis que chegam ao país de Trump.
Para ficar só entre as grandes fabricantes norte-americanas, cerca de 20% de todos os carros vendidos pela Ford no país são fabricados no México ou no Canadá e importados de lá para atender ao mercado doméstico. No caso da General Motors, essa fatia chega a 30% e, para a Stellantis, conglomerado internacional dono da Chrysler, é perto de 40%.
E não é só o carro inteiro que integra a corrente de comércio dos EUA com o resto do mundo. Uma fatia relevante das peças que integram os automóveis fabricados lá dentro também vem de fora, e também deve começar a chegar mais cara com as novas tarifas. Somados, automóveis e peças estão entre os principais produtos vendidos pelo México e o Canadá aos Estados Unidos: eles respondem por cerca de 15% de tudo o que o Canadá exporta ao país e, no caso das vendas do México, chega a 30% do total, também de acordo com a The Economist.
E se Trump seguir adiante distribuindo tarifas para outros parceiros comerciais além desses, a conta seguirá ficando cara. A promessa do presidente de aplicar as chamadas “tarifas recíprocas”, por exemplo, ou seja, cobrar dos países as mesmas taxas aplicadas por eles, deve, de saída, encarecer as marcas europeias que desembarcam lá: a tarifa de importação dos EUA sobre os carros europeus é hoje de 2,5%, enquanto a Europa aplica 10% sobre os automóveis que importa dos EUA. A mesma tarifa, de 2,5%, é cobrada dos carros importados do Japão — embora a taxa cobrada do Japão sobre os carros americanos seja zero. No caso das vendas entre EUA e Coreia do Sul, ambos os países, hoje, trabalham com tarifa zero para as importações de automóveis.