A Caixa Econômica Federal divulgou nesta terça-feira o calendário de saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que não recebem depósitos desde dezembro de 2015. Com isso, mais de 30 milhões de trabalhadores terão direito a retirar o dinheiro de contas inativas, cujos saldos somam 43,6 bilhões de reais.
Apesar de o total ser bilionário, a maioria das contas acumula uma quantidade pequena de recursos: cerca de 95% das contas inativas têm saldo de até 3.000 reais. É melhor usar esse dinheiro para pagar dívidas ou usá-lo em compras? O site de VEJA ouviu especialistas em finanças e investimentos para responder à pergunta.
Dívidas
A principal recomendação dos especialistas é ter cautela no seu uso, pois o FGTS é um recurso criado para servir de ajuda em momentos difíceis. “O trabalhador deveria guardar para a finalidade original, que é a de complementar a renda quando está sem emprego”, diz o coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michael Viriato.
Quem está endividado deve aproveitar o dinheiro para pagar as contas em atraso, principalmente aquelas que têm juros mais altos. “Se for usar o dinheiro, a primeira coisa que o beneficiado deve fazer é limpar seu nome”, diz Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest.
Investimento
Se não tiver dívidas significativas, a próxima recomendação seria investir em algo mais rentável, tendo em conta o perfil e a necessidade do trabalhador. Se o valor recebido das contas inativas for baixo, é preciso escolher um investimento compatível com esse volume de dinheiro. “A aplicação escolhida tem que aceitar aportes pequenos, a partir de 100 reais, por exemplo. E não pode ter taxa de administração superior a 1% ao ano”, recomenda Calil.
Caso a opção for por aplicar em um fundo de investimentos, um bom parâmetro é saber se, historicamente, ele teve rendimentos de, no mínimo, 90% do CDI (taxa usada como referência em aplicações bancárias). “Isso já faz com que ele seja uma melhor opção que a caderneta de poupança. Outro fator a ser observado é o resgate, que deve ser imediato, com liquidez diária”, explica Calil.
Outro investimento mais rentável que o FGTS é o Tesouro Direto, na modalidade Selic. “Esta aplicação aceita aportes a partir de 30 reais e dá a possibilidade de entrar e sair dela a qualquer dia. A rentabilidade hoje é de 13% ao ano, praticamente o dobro da caderneta de poupança. Mesmo com impostos ainda vai render mais que a poupança, além de ser uma forma de se educar financeiramente”, acrescenta Calil.
Em qualquer dessas opções o dinheiro investido vai render mais do que se estivesse parado na conta do FGTS, cuja rentabilidade é de TR + 3% ao ano.
Consumo
Mesmo quem está em uma situação confortável e não quer fazer nenhum investimento deve aproveitar para sacar o dinheiro da conta inativa do FGTS. Isso porque o dinheiro parado no FGTS perde valor ao longo do tempo. “A rentabilidade do FGTS não cobre nem a inflação. A finalidade de poupar é poder comprar amanhã mais do que compramos hoje. Se invisto em algo que não rende a inflação, amanhã vou comprar menos do que hoje. O dinheiro de amanhã vai valer menos do que ele vale hoje”, explica Viriato.
Nesse caso, a opção é usar o dinheiro para fazer comprar, mas com planejamento. “Comprar à vista é a melhor opção. Em hipótese alguma ele deve usar esse dinheiro para contratar uma nova dívida”, alerta Calil.